Para os lados e Montalegre, concelho vasto e destino gastronómico, há uma ponte com lenda curiosa e outras estórias que dá nome a restaurante, ali bem perto, com magnífica panorâmica e requintada cozinha tradicional.
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A ponte da Misarela, construída Idade Média entre penedias sobre as tumultuosas águas do rio Rabagão, a 1 km da confluência com o Cávado, foi, em tempos, acesso privilegiado ao vasto e atraente concelho de Montalegre, que justifica incursão gastronómica.
Ponte de um só arco com um vão de 13 metros sobre ruidosa cachoeira, está associada a lendas e crendices. Ali acorriam as mulheres grávidas para rituais de fertilidade e por ela escapou um foragido à justiça, que vendeu a alma ao diabo em troca do favor do atravessamento.
Assim, ficou conhecida por Ponte do Diabo, nome do restaurante do estrelado hotel rural, aberto em julho de 2014 a poucos quilómetros da Nacional 103, a estrada Braga-Chaves.
Muito confortável, com apenas 13 quartos, fica a escassos 450 metros da lendária ponte.
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A unidade hoteleira, marcada pelo bom gosto e conforto, resultou do feliz aproveitamento da estalagem de Vila Nova da Hidroelétrica do Cávado. Construída no início dos anos 50 do século passado, sob projeto do arquiteto Januário Godinho, a antiga estalagem, a meio da encosta sobranceira ao rio, foi remodelada, embora tenha mantido a bela traça original.
O silêncio e e verde matizado do arvoredo convidam ao descanso e à fruição de caminhadas.
Para retemperar forças, nada melhor que saborear, na sala do restaurante, plena de luminosidade; com magnífica panorâmica, decoração moderna, cores quentes e amesendação condizente, a cozinha tradicional portuguesa.
A lista é curta, mas variada, bastante diferente do que é habitual encontrar por aqueles lados, embora não se trate de uma cozinha de fusão.
Nas entradas, o sortido de fumeiro de Barroso, produzido em Montalegre, revela muito boa qualidade. Bastante saboroso, o presunto.
Há tábua de queijos nacionais; uma algarvia estupeta de atum; alheira de Barroso grelhada -- excelente -- e ovos mexidos com farinheira ou com grelos e cogumelos.
Os pratos principais permitem viagem gastronómica pelo mundo lusófono: da alcatra dos Açores ao bacalhau Ponte do Diabo, isto é, à moda de Braga e aos filetes de polvo com arroz dito do mesmo; carrilhada de porco preto; feijoada de polvo e caril à goesa, feito com leite de coco.
A tradicional posta é à transmontana: carne oriunda do território barrosão, confecionada de maneira diferente, com molho de azeite e vinagre.
Nota elevada para a excelente vitela assada, que se apresentou irrepreensível, acolitada à altura, pela saborosíssima batata de Montalegre.
Prato especial é a galinha mourisca, baseada em receita seiscentista. Os Descobrimentos trouxeram a canela utilizada neste pitéu: perna de galinha de fricassé com molho de vinho do Porto.
Outras especialidades são o arroz de fumeiro e o cabrito assado no forno, ambos mediante encomenda.
As sobremesas são de confeção caseira, destacando-se mousse de chocolate com amêndoa torrada palitada e o pudim abade de Prisco, em ocasiões festivas.
A carta de vinhos é algo limitada, mas apresenta referências de alguns produtores menos conhecidos.
Serviço muito simpático neste restaurante que conforta o espírito e o estômago. Ponte do Diabo, em Ferral, concelho de Montalegre
Onde fica:
Localização: Rua da Pousada, Nº. 1, Ferral (Vila Nova) 5470-122 Montalegre
Telef.: 253 759 0190
GPS:
Latitude: 41.6956674 N
Longitude: -8.0192973 W