A autarquia de Lisboa lançou um concurso para reformular uma das zonas mais movimentadas da cidade. Há nove projetos expostos na Calouste Gulbenkian e os lisboetas podem escolher o seu preferido.
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A Praça de Espanha é uma das zonas mais sacrificadas da cidade de Lisboa. Apesar de se situar perto de zonas emblemáticas, acaba por se distinguir como um local com grande, e por vezes confusa, circulação rodoviária e uma das áreas mais afetadas por cheias. A ideia é saber qual é o projeto preferido dos lisboetas, mas a escolha final vai ser decidida por um júri.
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Para contrariar esta situação, a Câmara Municipal de Lisboa vai, em 2019, avançar com obras de restruturação. O primeiro objetivo da autarquia é fazer com que a praça deixe de ser uma rotunda gigante atravessada por uma avenida e, por esse motivo, lançou um concurso onde vários arquitetos apresentaram propostas para renovar aquela área da cidade.
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Os nove projetos finalistas encontram-se em exposição na Fundação Calouste Gulbenkian e foi lá que a TSF ouviu o que os lisboetas pensam sobre as ideias apresentadas.
Teresa Moreira é reformada e viveu grande parte da sua vida numa das artérias da Praça de Espanha. Para esta moradora, há falta de crianças a brincar nos espaços verdes e, por essa razão, confessa que o projeto de Pedro Machado e Luís Neto é o que mais lhe agrada: "Gostei da maneira como está distribuída a mancha verde. O lago acho muito bom para as crianças poderem pôr os barcos a navegar. Gostei do parque para skate e do parque infantil."
Os nove projetos que compõem a exposição são atentamente olhados por Cristina Duarte. Apesar de nunca ter vivido perto da Praça de Espanha, confessa que guarda com nostalgia a praça da sua juventude, onde, noutro tempo, apanhava a boleia de amigos para a praia da Costa da Caparica. Aos 50 anos, Cristina Duarte é arquiteta paisagista e aponta o maior problema atual: "É a circulação viária, tem muito trânsito. É preciso um reordenamento viário em torno desta área."
"A Praça de Espanha está muito descaracterizada"
Na opinião da arquiteta, há um elemento que falta em todas as propostas apresentadas: "Gosto dos projetos que têm uma componente ambiental e paisagística mais reforçada porque é isso que faz sentido, mas, por outro lado, vejo aqui nestes projetos que há uma variável que poderia ser incluída. Tem a ver, por exemplo, com o estacionamento porque temos autocarros, metro e julgo que poderia existir um silo automóvel para as pessoas colocarem os carros porque [a Praça de Espanha] é uma porta de acesso a Lisboa."
A exposição é também apreciada pelo arquiteto António Costa. A proposta que nasce da parceria de Ventura Trindade Arquitetos e Baldios Arquitetos Paisagistas privilegia a vertente ecológica na zona, e esse aspeto agrada-lhe. No entender do arquiteto, a iniciativa autárquica é oportuna e traz uma restruturação que era já necessária há muito tempo. "A Praça de Espanha está muito descaracterizada, é muito confusa", afirma.
Até ao final de fevereiro, a exposição está aberta ao público, e as pessoas podem deixar a sua opinião sobre cada um dos projetos. No próximo ano, arrancam as obras que pretendem transformar a praça num local para parar, acalmar e apreciar.