Muito mudou na saúde, depois da chegada da pandemia. Mas os números revelados pela Pordata neste Dia Mundial da Saúde, permitem-nos saber o que evoluímos, e como estamos, em relação aos nossos parceiros europeus.
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Até meados de fevereiro deste ano, os temas que dominavam as notícias relacionadas com a saúde referiam-se a fecho de urgências, especialmente pediátricas, à falta de médicos de algumas especialidades, em todo o país, às listas de espera e a reivindicações várias de algumas classes profissionais do setor, especialmente médicos e enfermeiros.
Mas acima de tudo, os últimos dois anos foram ocupados com um grande debate sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde, uma conquista maior da democracia.
A Covid-19 mudou isto tudo. Todos estes debates estão agora inundados pelo imediato. Ou seja, a capacidade do SNS, para responder a um crescimento mais ou menos intenso da curva.
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A Pordata, a propósito deste Dia Mundial da Saúde, sintetiza alguns dados sobre a saúde em Portugal, que embora datados, na sua maioria de 2018, dão uma ideia mais ou menos atual da evolução.
Especialmente desde meados da década de 70.
Mortes por doenças cardiovasculares diminuíram
Em quase meio século, diminuíram, em percentagem, as mortes por doenças cardiovasculares, que mesmo assim representam 29%.
Mas mais do duplicaram, em percentagem e em números absolutos, as mortes pelos diversos tipos de cancro.
Sobre doenças respiratórias, um tema muito atual, entre 1975 e 2018 as mortes cresceram de 9 para 12%, representando cerca de 36 mortes por dia.
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Na última década, estabilizou a resposta do sistema integrado da saúde.
Unidades hospitalares em Portugal garante mais camas do que Itália, Espanha e Suécia
As cerca de 230 unidades hospitalares existentes em Portugal,garantem 33 mil camas, 3 por cada 1000 habitantes.
Melhor que Itália, Espanha e Suécia, pior que a Alemanha ou a Bulgária. Portugal é o oitavo a contar do fim, na lista da Europa dos 27.
Já agora, há um hospital por cada três concelhos e há hospitais em concelhos com menos de 10 mil habitantes, como Constância.
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Mas também havia um concelho em 2018 que tinha 14% dos hospitais portugueses. Lisboa, tem 34 hospitais. Quase o dobro do Porto, que tinha 18, e mais ainda que Coimbra, que tinha 15.
Fazem-se 20 milhões de consultas por ano em Portugal
Numa era em que consultas e exames não urgentes estão a ser desmarcadas ou remarcados pelos hospitais, vale a pena lembrar que são feitas em Portugal, por ano, cerca de 20 milhões de consultas. Ou seja, em média duas por habitante, por ano. Mas as médias não cabem aqui. Porque muitos portugueses não vão ao médico uma vez por ano e, por isso, há muita gente a ser consultada mais de três vezes por ano, nas diversas especialidades.
O Serviço Nacional de Saúde assegura 6 em cada 10 consultas. As restantes são prestadas por médicos em consultórios privados ou em unidades de saúde privadas, incluindo as do setor social.
Se olharmos para os internamentos, a proporção sobe, no sistema público, para quase 8 em cada 10.
Um médico por cada 190 habitantes
Em Portugal, há pouco mais de um ano, existia um médico por cada 190 habitantes e um enfermeiro por cada 140 habitantes.
Desde 1975 são quase cinco vezes mais médicos e quatro vezes mais enfermeiros. Nos últimos 10 anos, um em cada cinco profissionais de saúde formados em Portugal é um médico. Enfermeiros e outras especialidades profissionais diminuíram o peso na capacidade de formação das escolas de saúde.
Sendo certo que nem todos os profissionais formados ficam a trabalhar em Portugal.
Portugal no top 10 dos países europeus que mais gastam em saúde
Portugal está no top 10 dos países europeus que mais gastam em saúde: 8,9% do PIB de 2018. A Alemanha lidera, com mais de 10%.
E depois há a fatura anual das famílias com a saúde. Mais de 5% do rendimento de cada família é gasto com a saúde.
Aqui, Portugal é o segundo, na lista dos países que mais gastam, só atrás da Bélgica. Nos últimos 25 anos estas percentagens, não sofreram alterações, independentemente do volume total gasto pelo estado ou pelas famílias.
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E para onde vai este dinheiro? A parte do Estado serve, maioritariamente, para pagar o funcionamento dos hospitais. Mais de 42%.
Segue-se o pagamento a serviços convencionados, 25%. E as compras do Serviço Nacional de Saúde, valem 19%.
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