Petição já conta com mais de 3500 assinaturas e é apoiada por especialistas como o pneumologista Álvaro Moreira da Silva e o médico especialista em saúde pública Bernardo Gomes.
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Vários especialistas defendem que seja implementado em Portugal um sistema de testagem rápida, com testes antigénio, nos concelhos com maior número de casos de infeção por coronavírus. A estratégia seria para contornar a escassez de vacinas e reduzir significativamente a transmissão do vírus até à primavera. Para já deu origem a uma petição que, às 18h15 desta segunda-feira, contava com mais de 3500 assinaturas.
Pedro Araújo, um empresário do Porto, é o principal impulsionador da iniciativa que se concretizaria através de um teste semanal de antigénio por casa residente assintomático, permitindo às pessoas circular, desde que tivessem um teste negativo, e evitando assim prolongar este novo confinamento geral.
"Há, no entanto, uma alternativa para Portugal e deve haver coragem política para que avance o mais rapidamente possível: a implementação de um sistema de testagem rápida com testes de antigénio a vigorar em concelhos acima de uma determinada prevalência de infetados. Ao invés de se confinar as pessoas, estas podem continuar a circular na posse de um teste negativo, não obstante a imperiosa manutenção de todos os cuidados sanitários, como o uso de máscara e distanciamento social", pode ler-se na petição.
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Os organizadores desta iniciativa enviaram uma carta aberta a Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e restantes membros do Governo, a 13 de janeiro. Sete dias depois receberam resposta, dando-lhes conta de que a carta teria sido reencaminhada para o gabinete da ministra da Saúde, Marta Temido, do qual ainda não obtiveram qualquer resposta.
"O sistema deveria incluir crianças a partir dos oito anos e todas as restantes pessoas que circulassem na rua. Relativamente às pessoas com sintomas, nada seria alterado com esta proposta e elas continuariam a ser encaminhadas para o rastreio epidemiológico existente", explicam os responsáveis pela petição.
Apesar de este tipo de testes ser menos sensível que os testes PCR, a ideia está a ser apoiada por especialistas como o pneumologista Álvaro Moreira da Silva, o médico especialista em saúde pública Bernardo Gomes, o médico intensivista Gustavo Carona e o diretor clínico da Unilabs, Ricardo Campos Costa.
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"A crítica que se faz habitualmente a estes testes é a sua baixa sensibilidade para doentes com poucos sintomas (pauci-sintomáticos) ou assintomáticos, ou seja, o facto de apresentarem um elevado número de falsos negativos. Ora, esse risco é desde logo minimizado com a testagem semanal, pois essa frequência acaba por garantir que os infetados são detetados na semana seguinte, não esquecendo que, apesar de terem sintomas, muitas pessoas acabam por desvalorizá-los e não tomam normalmente a iniciativa de se testarem com a rapidez que se impõe", afirma a organização.
Caso esta estratégia fosse colocada em prática com o apoio de laboratórios, centros de testagem e farmácias, os responsáveis acreditam que se tornaria possível fazer mais de um milhão de testes por semana.