Foi em 1892 que 105 homens, perderam a vida no mar. Uma tragédia que levou à fundação do Instituto de Socorros a Náufragos. A maioria dos pescadores era da Póvoa de Varzim.
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Depois deste acidente famílias ficaram destruídas, 50 viúvas não tinham como alimentar os filhos. Uma tragédia conhecida o 27 de fevereiro.
José Azevedo é historiador, publicou vários livros sobre a história da Póvoa de Varzim e conhece os pormenores desta tragédia.
"Curiosamente janeiro foi um mês bom para a sardinha, mas faltava pescada. Numa quinta-feira antes do carnaval o tempo piorou, mas era preciso ganhar dinheiro e os pescadores mais novos aventuraram-se. Sessenta e dois barcos saíram para o mar, mas pouco depois o tempo piorou, grandes tempestades e começou a cair névoa. Os que estavam longe de terra tentaram regressar, mas os que foram para as Caxinas rebentaram-se nos penedos e os que vieram para a Póvoa também".
Perderam-se 105 vidas, 70 poveiras e 35 de pescadores da Afurada.
"Foram necessárias estas mortes para que o Reino se lembrasse que havia comunidades piscatórias, nessa altura nem se sabia quem tinha morrido. Não havia registos, só aparecerem depois, quando saiu um decreto a obrigar os pescadores a registarem.-se".
Mas o registo teve alguma dificuldade, "quem se registasse ficava referenciado para o serviço militar obrigatório e muitos queriam fugir". Os barcos passaram a ser registados, construíram-se e reativaram-se faróis, e foi criado o Instituto de Socorros a Náufragos por ordem da Rainha D. Amélia.
125 anos depois a tragédia continua a ser recordada e os pescadores homenageados, "durante muitos anos no dia 27 de fevereiro nenhum barco saía para o mar e as festas de S. Pedro - padroeiro da Póvoa de Varzim - foram canceladas".
A tragédia de 27 de fevereiro é recordada amanhã na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim. José Azevedo é o orador, a partir das 6 da tarde recorda este dia que mudou não só a vida da cidade, como da atividade piscatória.