A TSF nas Autárquicas: memória e despovoamento. Ouça a emissão especial em Vilar Formoso
A emissão especial da TSF, esta manhã, é transmitida em direto do núcleo museologico Fronteira da Paz, na estação de comboios de Vilar Formoso.
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Memória e despovoamento é o tema deste especial Autárquicas 2021, conduzido por Fernando Alves, com Eduardo Pinto e o cuidado técnico de Joaquim Pedro.
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É como se o tempo tivesse parado nesta velha estação de comboios de Vilar Formoso. A sua belíssima fachada de azulejos não terá sofrido mudanças significativas desde os dias em que a vila foi porta de entrada para os refugiados judeus aos quais o cônsul Aristides Sousa Mendes conseguira passaporte, assim os salvando da morte a que o nazismo os condenara. Foi isso em 1940, cinco anos antes de a rainha dona Amélia por aqui ter entrado, regressada de um longo exílio. Muitos portugueses regressaram, também, do exílio por esta porta.
Em meados do século XVIII esta era considerada uma "terra grande" para a época. Grande em população, entenda-se. Nos últimos dois séculos ganhou e perdeu gente. Os censos de 2021 confirmam a perda de 18 mil residentes em todo o distrito da Guarda nos últimos 10 anos. A maior perda populacional, da ordem dos 18,8%, ocorreu precisamente no concelho de Almeida, a que pertence Vilar Formoso.
Isso nos traz aqui: o despovoamento de um lugar que, como lembrava a repórter Madalena Ferreira, em Julho, na TSF, pode transformar-se em vila fantasma. A repórter contava que um ano e meio de pandemia e muitos meses de reposição da fronteira ditaram a agonia do comércio local. Várias lojas fecharam e na rua do comércio só abriu uma agência funerária. Agora teme-se que a ligação entre a A-25 e a espanhola A 62 afaste definitivamente o tráfego da vila.
Isso nos traz aqui. E não por acaso escolhemos o núcleo museológico Fronteira da Paz erguido em salas anexas à velha estação de comboios e no qual é admiravelmente revivida a saga dos refugiados judeus salvos por Aristides Sousa Mendes. A arquitecta Luísa Pacheco, responsável pelo projecto de arquitectura e museologia, é nossa convidada. Em redor da mesa estão ainda Dulcineia Moura, presidente da Associação de Desenvolvimento de Territórios do Coa (que reúne vários concelhos desta zona da raia), o professor José Manuel Gonçalves, divulgador da história de Vilar Formoso, António Reinas, director da rádio Fronteira, que todas as manhãs saúda os ouvintes dizendo-lhes "Bom dia, buenos dias".
Aqui estão ainda José Manuel Araújo, proprietário do Estúdio 21, um estúdio fotográfico em Vilar Formoso e Ricardo Rico, empresário da hotelaria e restauração .
E o repórter Eduardo Pinto há-de trazer-nos vozes e lamentos do lado de lá da fronteira, de Fuentes de Oñoro onde está localizada a sede da recém criada Associação da Raya Centro Ibérica que reúne empresários do lado espanhol e do lado portugueses atormentados pelas mesmas incertezas.