Paula Formiga faz voluntariado num centro de dia da Santa Casa para retribuir a ajuda que a instituição deu à família numa altura difícil.
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Paula Formiga visita o Centro de Dia de São Cristóvão e São Lourenço todas as semanas. Faz voluntariado com os utentes que passam lá os dias. "Aquilo que na altura me foi questionado foi: precisamos de alguém que fale com as pessoas. Quer fazer? E eu disse que sim".
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Paula Formiga nunca tinha feito voluntariado de forma regular mas queria muito ajudar. "A minha maior expetactiva era ser útil - ser útil à sociedade e, neste caso, ser útil a uma instituição, criar valor na vida destas pessoas", explica.
Depois de quase um ano de voluntariado com idosos, Paula Formiga explica que aprendeu a "perceber reações e emoções que são próprias da terceira idade".
Quando chega ao centro, já tem muita gente à espera. Querem conversar, mesmo que sejam só uns minutinhos. Paula Formiga refere que é importante ter uma postura descontraída, escuta ativa e "acima de tudo capacidade de darmos afeto às pessoas".
Antes de começar as ações de voluntariado, Paula Formiga teve de passar por uma formação que ajuda a enquadrar os valores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e dos princípios do voluntariado. "Uma das coisas que nos transmitem nessa formação é que nós devemos ter a noção que estamos aqui não é para uma atividade temporária, estamos aqui de uma forma comprometida", explicou.
Salário emocional
Paula Formiga comprometeu-se com o voluntariado porque decidiu que estava na hora de arranjar tempo para ajudar. "O tempo? O tempo gere-se. Eu também dizia isso. Essa não pode ser a resposta, não deve ser a resposta para ajudarmos os outros. Porque se não tivermos tempo a vida inteira, então nunca vamos ajudar ninguém".
Paula Formiga escolheu a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa porque a instituição também já ajudou a família. "A Santa Casa ajudou os meus pais no início da vida em comum deles pelo período em que estavamos a viver no país. Foi um contexto um bocadinho complicado. E eu cresci sempre a ouvir dizer que a Santa Casa nos ajudou", recorda.
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A voluntária conta que cresceu com a mensagem de que o bem retribui-se. "Hoje, a minha missão é estar aqui a retribuir o bem que fizeram por nós numa altura que foi crítica".
Paula Formiga tenta agora passar os mesmo valores à filha, partilhando as atividades que faz no centro de dia e explicando que "o trabalho não tem todo que ter um salário económico. Se calhar o salário que mais gozo nos dá na vida é o salário emocional".
Vinte anos de voluntariado
O programa de voluntariado formal da SCML começou há 20 anos e hoje a instituição conta com cerca de 500 voluntários ativos. Luísa Godinho, diretora do gabinete de promoção de voluntariado da Santa Casa, explica que há muitas atividades promovidas pela instituição.
"Desde o voluntariado em saúde - a Santa Casa tem dois hospitais, tem várias unidades de saúde na cidade de Lisboa. Temos voluntários ao nível do acolhimento institucional das crianças e jovens que a Santa Casa acolhe e que têm imensos voluntários também. Temos muitos voluntários a darem explicações, mais de 100 voluntários a darem explicações", detalha.
Luísa Godinho explica que as candidaturas, que podem ser feitas através do site da SCML, estão disponíveis todo o ano, mas o mais importante é querer fazer voluntariado.
"É muito importante que a pessoa sinta que não há nenhuma área da sua vida que fique descurada por fazer voluntariado, nó também não queremos isso. Queremos voluntários felizes: felizes em família, felizes na comunidade porque só assim é que eles podem dar", referiu.