"Absolutamente indispensável" no combate a incêndios urbanos. Única auto-escada de Beja avariada há dois meses
Presidente da Câmara reage às críticas rejeitando que os municípios se tenham demitido das suas responsabilidades.
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Desde junho, há praticamente dois meses, que a única auto-escada do distrito de Beja, um equipamento considerado "fundamental", está avariada. A situação, alerta a Liga dos Bombeiros Portugueses, pode comprometer o combate a incêndios urbanos ou industriais de grandes dimensões em todo o distrito.
À TSF, António Nunes explica que nem a Associação de Bombeiros Voluntários [de Beja], nem a autarquia têm fundos para custear a reparação que pode chegar aos 60 mil euros.
"Estamos a tentar que o Estado Central consiga fazer a reparação, mas, no entretanto, a cidade e o distrito de Beja estão impossibilitados de ter um equipamento que é fundamental para [combater] um incêndio, numa cidade que tem um aeroporto, um hospital e vários lares", alerta, sublinhando que uma auto-escada pode ser "absolutamente indispensável" para o sucesso no combate a um incêndio.
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De acordo com o presidente da Liga dos Bombeiros, as auto-escadas mais próximas que existem estão em Évora, Setúbal e Faro, ou seja, a "duas horas de distância ou mais", e não podem ser uma solução, tendo em conta que se trata de um equipamento que deve ser usado em 15/20 minutos. "Faz toda a diferença na estratégia do combate", explica.
Para tentar resolver o problema, um grupo de cidadãos juntou-se e está a fazer uma recolha de fundos para ajudar os bombeiros voluntários na reparação da auto-escada, tendo conseguido, até agora, 10 mil euros.
Ouvido pela TSF, Florival Baiôa, que faz parte do grupo de cidadãos que se juntou para ajudar os bombeiros, lamenta a falta de empenho das autarquias do distrito de Beja nesta causa. "Talvez as autarquias pudessem contribuir para isso. Quando as instituições oficiais não resolvem os problemas, a cidadania ativa é um bem que temos e que precisamos de fortalecer. A verdade é que as autarquias estão, muitas vezes, paradas em relação a isso ou existe menor sensibilidade" para lidar com estes casos, critica.
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Já Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, rejeita que as autarquias se tenham demitido das suas responsabilidades e adianta na TSF que o assunto vai ser discutido na reunião da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo de 8 de agosto. "O que não é verdade, de forma alguma, é que os municípios se tenham demitido de encontrar uma solução. Os municípios estão empenhados, em conjunto, em encontrar uma solução", diz.
"Temos aumentado de forma muito efetiva a transferência financeira que temos vindo a fazer para os Bombeiros Voluntários de Beja", sublinha Paulo Arsénio. A situação da auto-escada, acrescenta, é muito específica: "Serve os municípios todos e, por isso, deve haver uma repartição dos encargos entre todos."
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Para evitar que situações como esta voltem a repetir-se, a Liga dos Bombeiros Portugueses já apresentou ao Governo uma proposta, sugerindo que o Orçamento do Estado para 2022/2023 inclua verbas para regenerar as 40 auto-escadas compradas há 20 anos.
"Tem um custo de cerca de 30/35 mil euros por cada auto-escada, mas valerá a pena fazer esse investimento rapidamente para que não aconteça o que aconteceu com esta, que custará mais porque não fez a revisão dos 20 anos".
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* Com Melissa Lopes