"Absurdo." BE lamenta que Ministério da Saúde não tenha "poder" para tomar decisões sem as Finanças

Catarina Martins
Carlos Pimentel/Global Imagens
PSD e IL defendem mais cooperação com os privados, enquanto o PS recusa a crítica de que há um desinvestimento no SNS.
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O Bloco de Esquerda (BE) vai confrontar o Governo no Parlamento esta quarta-feira com o que considera serem escolhas erradas na saúde, numa interpelação com o tema "o povo merece mais SNS".
Em declarações esta quarta-feira no Fórum TSF, Catarina Martins responsabiliza o Ministério das Finanças pelo que se passa na Saúde.
"Boa parte das decisões que o Ministério da Saúde precisa de tomar não tem possibilidade de fazer, nem mesmo o diretor executivo. São tomadas pelo Ministério das Finanças", nota a deputada bloquista.
Para Catarina Martins, não faz sentido "mexer na orgânica do Ministério da Saúde" e "dizer que há agora uma direção executiva", mas não lhe atribuir "o poder para tomar decisões".
"Aliás, há uma série de negociações com sindicatos de carreiras e de pedidos de investimento dos hospitais os centros de saúde que estão travados o Ministério das Finanças", lembra.
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O deputado socialista Luís Soares recusa a crítica de que há um desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde e afirma que o Governo está a "reforçar áreas que estavam apenas cobertas pelo setor privado".
"Temos dado passos muito firmes, precisamente na valorização das respostas do setor público", destaca.
"Ao nível dos cuidados primários, disponibilizamos consultas de psicologia, saúde dentária - que não existia como resposta para os cidadãos (apenas no setor privado), saúde visual e também agora investimos de forma sem precedentes na saúde mental."
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Por sua vez, Miguel Pinto Luz, defendeu a necessidade de envolver o público, privado e setor social em prol de um bom sistema nacional de saúde. Quanto à direção-executiva do SNS, o vice-presidente do PSD lembra que ainda nem sequer há estatutos aprovados.
"É difícil estarmos a avaliar uma direção-executiva que não teve ainda acesso aos meios necessários suficientes para a prossecução das suas políticas e, portanto, aguardemos pelo momento."
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"Estamos preocupados porque, entretanto, o tempo vai passando e continuamos a marcar passos e a não garantir aos portugueses uma saúde de qualidade universal e para todos.
A iniciativa Liberal está a preparar propostas para alterar a lei de bases da saúde que, nas palavras do deputado Mário Amorim Lopes, "vai respaldar precisamente esta ideia de que público, privado e social devem estar os três a a prestar serviço público".
"É indiferente se o médico está no setor privado ou no setor público, o que interessa é que o paciente tenha acesso a bons cuidados de saúde" e "a tempo e horas", defende.
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"Isso funcionou, por exemplo, no caso dos hospitais PPP", considera. "Estamos agora a assistir ao que é que acontece após a sua reversão."