Cerca de 18 mil pessoas tiveram de ser tratadas em 2015 por consumo excessivo de álcool. Os especialistas apontam a substância como sendo a mais perigosa que se consome no país.
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Há cada vez mais pessoas em Portugal a serem tratadas por abuso de bebidas alcoólicas. São dados de um relatório que está a ser apresentado a esta hora, na Assembleia da República. O documento relativo a 2015 avalia a situação do álcool, da droga e outras toxicodependências no nosso país.
Em 2015, 12,5 mil pessoas fizeram terapia por consumo excessivo de álcool e mais 5,5 mil tiveram de ser internadas. O problema afeta também a população nas cadeias. 4% dos reclusos afirma que se embriagou com mais de seis bebidas de uma vez nos últimos 30 dias. Cerveja, mas também bebidas artesanais.
O último inquérito à população prisional mostra que, antes de condenadas, estas pessoas embriagavam-se mais e com mais frequência do que a média.
O álcool também não é alheio às penas de prisão. 28% dos presos reconhece que estava bêbado quando violou a lei. Crimes como roubo, homicídio, ou tráfico de droga, são em regra mais violentos quando praticados sob o efeito de drogas.
Há, por outro lado, os números da PSP, que dizem que, por exemplo, 6% de toda a criminalidade registada em 2015 estava diretamente ligada ao álcool. Mais 10% do que no ano anterior. Na violência doméstica, o panorama mantém-se. Metade das quase 30 mil queixas por violência doméstica apontavam problemas de álcool ao agressor.
Os sinais são os mesmos nos centros de internamento para jovens. O relatório mostra que quase todos os menores que estavam nestes centros já tinham bebido e quase metade tinham bebido muito no mês anterior ao internamento. Resta dizer que outro estudo de 2015 explica alguma coisa. 76% dos inquiridos defendia que devem ser os pais, e não o Estado, a decidir sobre a idade a partir da qual os seus filhos podem beber.
Sobre esta ligação entre álcool e criminalidade, a psiquiatra Margarida Neto lembra que embora seja socialmente tolerado, o álcool é a substância mais perigosa que se consome no país.