Abusos sexuais na Igreja Católica. Plano de indemnização aberto a todas as vítimas
Grupo VITA apresenta esta segunda-feira à Conferência Episcopal Portuguesa uma proposta de compensação financeira às vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica.
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O futuro plano de indemnização às vítimas de abusos sexuais na Igreja católica será aberto a todos, incluindo a quem denunciou casos à Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, que concluiu o trabalho há quase um ano.
O Grupo VITA, que surgiu na sequência do trabalho desta comissão, vai apresentar esta segunda-feira o plano para definir os termos das indemnizações financeiras à Conferência Episcopal Portuguesa, que, por sua vez, ainda não tem prazos.
Em declarações à TSF, Paula Margarido, coordenadora das comissões diocesanas que trabalham em colaboração com o Grupo VITA, assegura que todos serão apoiados.
“Não se pense que quem apresentou a sua sinalização junto da Comissão independente está impedido de o fazer junto do Grupo VITA, ou junto da respetiva Comissão diocesana.”
A socióloga Ana Mendes de Almeida defende que a Igreja deve fazer um grande apelo às vítimas para que aceitem o apoio.
“Há que fazer aquilo que a Comissão é independente fez o seu tempo: um grande apelo nacional para que as vítimas de abuso sexual da Igreja Católica portuguesa tivessem a coragem e a força para prestarem o seu testemunho ao grupo VITA e solicitarem o tipo de acompanhamento que necessitam”.
Estas indeminizações são "muito importantes” para “compensar a tragédia”, mas também “pagar tratamentos, pagar medicação, situações em que muitas destas pessoas se encontram ainda hoje, mesmo que o abuso tenha ocorrido há muitas décadas”.
O Grupo VITA recebeu apenas oito pedidos de indemnização financeira. Este grupo pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (915090000) ou do formulário para sinalizações no site www.grupovita.pt.
Criado em abril de 2023, este grupo surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4815 vítimas.