Academia de Coimbra pede intervenção direta do Governo na questão do alojamento estudantil
Com acampamento montado em frente à Faculdade de Letras, o presidente dos estudantes diz que as soluções apresentadas "não têm sido soluções robustas o suficiente".
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Para alertar para a falta de habitação de qualidade e a preços acessíveis, a Associação Académica de Coimbra (AAC) está acampada durante a noite de segunda-feira para terça-feira entre a Faculdade de Letras e a Biblioteca Geral de Coimbra. Ao final do dia foram montadas oito tendas num espaço que designaram por "parque de campismo da AAC" e onde planeiam ficar toda a noite.
Sobre a realidade de Coimbra, o presidente dos estudantes observa que, de "mês para mês, os preços vão sendo aumentados" e "é praticamente impossível" encontrar um quarto a 250 euros, sem despesas.
"Neste momento, temos cada vez mais uma opção que os estudantes acabam por escolher que é a dividir estúdios e T0 com colegas, porque é uma opção mais acessível a dividir por dois, mas é uma opção que não deveria ser uma realidade. É de facto uma condição cada vez mais precária que enfrentamos no ensino superior", afirma João Caseiro.
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Para o presidente da AAC, o reforço do complemento de alojamento é uma ajuda, mas não resolve o problema. "Note-se que esse apoio complementar foi reforçado quatro vezes ao longo do último ano. Isto quer dizer que a realidade é que o preço das casas, o mercado arrendamento, continua a aumentar, o Estado tem de apoiar mais os estudantes e quem acaba por beneficiar, em última instância, são os próprios senhorios".
Segundo João Caseiro, o que "se pede é que o Estado intervenha de forma direta, aumentando a oferta pública de camas, tanto em residências universitárias no seu cuidado, em construção de novas residências, como também no aproveitamento de parque público que neste momento existe que está muito adstrito ao Ministério da Defesa, por exemplo, e encontra-se em degradação em várias cidades do país. Coimbra é uma delas também".
Para João Caseiro, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior "tem perceção que esta é a principal problemática que afeta os estudantes neste momento" e isso foi "muito vincado" na conversa que mantiveram este mês numa visita a Coimbra. Ainda assim, argumenta, as soluções apresentadas "não têm sido soluções robustas o suficiente para conseguir compensar os estudantes".
"São medidas que são pensos para feridas que demoram a sarar e precisam de muito mais do que pensos para se resolver", conclui.