ACAP defende que metas da UE para carros elétricos dependem da produção chinesa
O secretário-geral da Associação de Comércio Automóvel de Portugal destaca que a perda da "soberania tecnológica" da Europa ao longo dos anos tem contrastado com a "economia muito centralizada e apoiada pelo Estado" da China, um fator importante para o aumento da "cadeia de valor de produção".
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Dos novos carros elétricos vendidos na Europa, este ano, 8% foram fabricados por marcas chinesas e, para este crescimento, os especialistas do mercado estimam que os fabricantes chineses têm uma vantagem de custo de cerca de 20% sobre os rivais europeus, coreanos, japoneses e americanos.
No entanto, a Europa já definiu que em 2035 não se podem vender mais carros novos com motores de combustão. O secretário-geral da Associação de Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro, defende que para ser possível atingir as metas europeias, é necessária a produção chinesa.
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"É necessário aumentar significativamente as vendas de veículos elétricos ou eletrificados. E é isso que está a acontecer em Portugal e na União Europeia. Aquilo que era há cinco, seis anos 1% do mercado, é mais de 20% do mercado e tem de ser 30 ou 35% nos próximos anos para podermos atingir os níveis de descarbonização que a União Europeia preconizou e definiu", afirma, explicando ainda que os países asiáticos "detêm um peso significativo na cadeia de valor do veículo elétrico".
"Não só ao nível da produção de baterias, como também dos próprios minerais que são necessários para a produção de veículos elétricos", acrescenta, em declarações à TSF.
Hélder Pedro salienta ainda o facto de a Europa ter perdido "a sua soberania tecnológica em alguns pontos", afirmando que a indústria automóvel é "muito importante" na União Europeia: "Viu-se o problema que teve em termos de falta de componentes, outros equipamentos, semicondutores que vêm de outras geografias, nomeadamente da Ásia, onde a China é um país fulcral na indústria."
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O secretário-geral da ACAP sublinha que a União Europeia "tem a soberania de homologar, de criar normas, para a homologação de produtos - sejam automóveis ou outros - proveniente de outros países".
"A China tem um regime muito específico, tem uma economia muito centralizada e apoiada pelo Estado. É um aspeto que é diferente, mas tem vindo a ter, sobretudo naquilo que é o veículo elétrico, uma importância fundamental na cadeia de valor de produção e a Europa e a Comissão Europeia está agora a reagir e bem. Aliás, há um apoio muito grande para o fabrico de semicondutores na Europa", conclui.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou esta quarta-feira a abertura de uma investigação contra subvenções para automóveis elétricos provenientes da China, uma vez que os subsídios estão "distorcer" o mercado europeu.
Os fabricantes chineses de veículos elétricos estão a intensificar os esforços para expandir os mercados externos.
As exportações de automóveis da China aumentaram 31% em agosto, após um grande salto de 63% em julho, de acordo com a Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.