Acesso aos transportes: Carris vai criar filas diferentes para separar turistas dos passageiros diários
A mudança vai começar no funicular da Graça. A forma de distinguir uns clientes dos outros pode passar por uma fila para quem tem passe e outra para quem compra bilhetes individuais
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A Carris está a preparar um sistema de acesso aos transportes que separa os turistas dos passageiros frequentes. O jornal Público adianta que a mudança vai começar no funicular da Graça, com a criação de duas filas: uma para turistas, outra para os clientes habituais. O preço dos bilhetes também pode aumentar nas linhas mais procuradas pelos turistas.
O elétrico 28, os ascensores, os funiculares e o elevador de Santa Justa são os meios de transporte onde poderão ser criadas duas filas: uma para turistas, outra para os utentes diários. No entanto, a Carris admite que a mudança é complexa, por isso, a ideia é começar no funicular da Graça quando este equipamento passar da tutela da EMEL para a Carris. O jornal Público adianta que isso deve acontecer em maio, embora a Carris garanta que não existe uma data definida.
Certo é que serão criadas duas filas na entrada para garantir que os passageiros habituais não ficam sem lugar por causa dos turistas. A forma de distinguir uns clientes dos outros pode passar por uma fila para quem tem passe e outra para quem compra bilhetes individuais.
Em declarações à TSF, Miguel Laurito, da comissão de utentes dos transportes públicos de Lisboa, considera que esta é uma medida paliativa que não resolve o problema. "Não é uma solução definitiva para o problema, que é causado por falta de alternativas e por falta de capacidade. É apenas uma medida paliativa", afirma, referindo que a solução seria "modernizar a frota" da Carris.
O vereador na câmara de Lisboa, Rui Franco, que apresentou a proposta, admite que a discriminação dos turistas pode levantar questões constitucionais, mas salienta que é preciso distinguir "uma senhora de idade que vem carregada com os sacos de compras e uma excursão saída de um cruzeiro". A proposta do vereador, eleito pelo movimento Cidadãos por Lisboa, prevê também um aumento do preço dos bilhetes de utilização pontual, em especial nos transportes mais procurados por turistas.
A proposta, aprovada por todos os vereadores, com exceção dos dois eleitos pelo PCP, ainda tem de ser aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa. O tema deve ser discutido ainda durante este mês de fevereiro.
Também ouvida pela TSF, Ana Jara, vereadora comunista na câmara de Lisboa, que votou contra a proposta, tem dúvidas sobre o que considera ser um "malabarismo".
"A questão chave é a definição imprecisa entre o que são turistas e utentes habituais, podem existir utentes habituais que não são detentores do passe. Nós temos dúvidas em relação à proposta e consideramos que há outras maneiras de resolver a situação. Em todo o centro de Lisboa perderam-se carreiras e para nós seria importante aumentar a oferta e não fazer malabarismos destes que vão sempre prejudicar", explica a vereadora.
Notícia atualizada às 10h28