″Acham que é um brinquedo.″ Mais de cem condutores de trotinetes multados este ano
A condução sob o efeito de álcool e o estacionamento em passeios são as infrações mais praticadas. PSP une-se ao Automóvel Club de Portugal e aos operadores de trotinetes para lançar campanha de sensibilização.
Corpo do artigo
Em apenas seis meses, mais de uma centena de condutores de trotinetes elétricas foram multados, de acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP). Houve até 31 casos em que os condutores das trotinetes foram detidos, por revelarem excesso de álcool no sangue.
As multas por conduzir uma trotinete elétrica embriagado podem ir dos 125 aos 1250 euros e, em caso de um taxa de álcool superior a 1,2 gramas/litro é considerado crime, punido com pena de prisão de até um ano.
O Jornal de Notícias revela que a condução sob o efeito de álcool é mesmo a infração mais registada, seguido pelo estacionamento em locais reservados aos peões - como passeios e passadeiras.
TSF\audio\2019\08\noticias\28\maria_miguel_cabo_trotinetas_07h
Entre janeiro e junho deste ano, só nas cidades de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, o novo meio de transporte já provocou 74 acidentes e causou 55 feridos.
Lisboa destaca-se entre os quatros distritos fiscalizados pela PSP, desde o início do ano. É a cidade com mais infrações e mais acidentes por condutores de trotinetes.
Num curto espaço de tempo, o novo meio de transporte tornou-se um fator problemático nos grandes centros urbanos. Para o Automóvel Club de Portugal (ACP) facto deve-se, sobretudo, ao facto de a maioria dos condutores não encarar a trotinete como um verdadeiro meio de transporte.
Em declarações à TSF, Carlos Barbosa, presidente do ACP, admite que os valores são muito altos, mas não se mostra surpreendido com os dados.
"É um número elevadíssimo, porque as pessoas acham que a trotinete é um brinquedo", afirma Carlos Barbosa. "A trotinete não é um brinquedo, é um meio de transporte, mas as pessoas fazem o que lhes apetece", reforça.
TSF\audio\2019\08\noticias\28\carlos_barbosa_1_infraccoes_11h
O presidente do ACP aponta o dedo ao Estado, que considera ter-se "alheado completamente" da situação.
"O Estado chutou o problema para canto e não teve, em vésperas de eleições, a coragem de obrigar as pessoas a usar capacete", acusa Carlos Barbosa, sublinhando que a utilização do capacete "reduz em 42% as lesões fatais e até 69% das lesões na cabeça".
Carlos Barbosa afirma que recebeu até "a promessa pessoal" do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, de que os condutores de trotinetes elétricas seriam obrigados a ter aulas de código da estrada.
"Como isso não aconteceu, vamos substituir-nos ao Estado e, pelo menos, fazer uma campanha", anunciou o presidente do ACP, que vai juntar-se à PSP e aos operadores de trotinetas elétricas nesta iniciativa.
"O que nós queremos é que as pessoas andem em segurança", conclui.
TSF\audio\2019\08\noticias\28\carlos_barbosa_2_campanha
*com Maria Miguel Cabo e Cristina Lai Men