Primeiro-ministro responde a Rui Rio abrindo a porta a eventuais acordos estruturais, mas com conta peso e medida. Em entrevista à SIC, António Costa deixa ainda claro que as legislativas não são um referendo às maiorias absolutas.
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Rui Rio lançou o mote, António Costa respondeu. Ambos estão de acordo de que um Bloco Central não faz sentido, António Costa diz mesmo que é "contranatura", mas ao nível dos acordos essa é uma possibilidade.
"Haver acordos com o PSD ou com qualquer outro partido sobre matérias que são estruturais para o país, não só é possível como é desejável que aconteçam", afirma o primeiro-ministro.
Ainda assim, há condições (ou um aviso) que o presidente do PSD deve ter em conta. "Quebrar a autonomia do Ministério Público ou limitar a independência do poder judicial, não poderão contar com o Partido Socialista com maioria absoluta ou sem maioria absoluta, porque essa não é uma reforma com que estejamos de acordo", adianta o primeiro-ministro que dá vários exemplos daquilo que foi conseguido nesta legislatura.
"Houve uma reforma profunda que foi feita na Segurança Social ao longo desta legislatura que nos permitiu aumentar em 22 anos a sustentabilidade do fundo de segurança da Segurança Social, quer uma reforma mais estrutural do que esta? Houve uma reforma no que diz respeito ao sistema financeiro, houve uma reforma estrutural muito importante que tem que ver com a flexibilização curricular e o reforço da autonomia das escolas, há uma reforma estrutural imensa que foi feita no domínio do transporte público com a municipalização dos transportes, com a criação do passe único, foi uma das maiores transformações estruturais na nossa sociedade. Portanto, não foi preciso haver grandes acordos de regime nem outra solução parlamentar para que essas reformas fossem feitas", sublinha.
Nesta entrevista à SIC, o primeiro-ministro falou ainda da maioria absoluta que nunca pediu de forma clara. Em todas as entrevistas e declarações públicas, António Costa fala sempre num reforço do poder do PS e, na semana passada, na TVI, afirmou que os portugueses não têm boa memória de maiorias absolutas, algo que motivou uma reação de José Sócrates que considerou essas declarações como um ataque.
Esta quarta-feira, quando questionado, Costa deixou claro que não foi um ataque a Sócrates: "Não, pelo amor de Deus, não me passou isso sequer pela cabeça, era o que faltava. Limitei-me a fazer uma constatação de facto, não particularmente original".
O primeiro-ministro sublinha ainda que "estas eleições não são um referendo" às maiorias absolutas.