"Adesão estrondosa" nas escolas de Norte a Sul: os primeiros efeitos da greve da Função Pública
Da Educação à Saúde, são vários os setores que deverão ser afetados, esta sexta-feira, devido à paralisação da administração pública
Corpo do artigo
Os sindicatos descrevem como "estrondosa" a adesão das escolas à greve da Função Pública. Ouvido na Manhã TSF, Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum, deu conta de que vários serviços de Norte a Sul estão, esta sexta-feira, encerrados, mas o dirigente sindical destaca o impacto da paralisação no ensino.
"O balanço é muito positivo, há escolas fechadas neste momento Norte a Sul do país e a perspetiva é que se mantenham assim ao longo do dia. Houve aviso prévio de greve dos trabalhadores não docentes e dos professores, o que está a levar a este resultado de adesão estrondosa, com muitas escolas fechadas de Norte a sul do país", afirmou.
Questionado pelos jornalistas, o coordenador da Frente Comum admitiu que a Função Pública pode voltar a parar muito em breve. Sebastião Santana avisou o Governo de que é o Executivo quem tem o poder de garantir a paz social. Para isso, só terá de negociar com todos os trabalhadores do Estado.
"Admitimos, com certeza. Se o Governo conseguir sentar-se à mesa com os sindicatos, negociar, evoluir naquilo que se conhece, que são as suas propostas e ir ao encontro daquilo que são os interesses dos trabalhadores, muito bem. Nós não temos prazer nenhum em perder dias de salário para fazer greve, nem a vir do Minho e do Algarve para Lisboa para nos manifestarmos pelos nossos interesses e pelos interesses da população. Está nas mãos do Governo comprar essa paz social e ela compra-se objetivamente com medidas que favoreçam quem trabalha e que favoreçam, neste caso, os serviços públicos", acrescenta.
Esta é uma greve também com muito impacto em Coimbra. Segundo o balanço feito à TSF por Carlos Fontes, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Centro, pelo menos sete escolas estão encerradas.
"É uma greve muito forte, com muito impacto, na Educação e na Saúde e noutros setores como IMT e repartições de Finanças. A greve já fechou sete escolas em Coimbra, Figueira da Foz, Condeixa a Nova e Lousã", adiantou Carlos Fontes, sublinhando que em Viseu, Leiria e Aveiro a paralisação também conta com uma "forte adesão".
De Coimbra, vão partir três autocarros em direção a Lisboa, com os trabalhadores que querem participar na manifestação desta tarde, junto ao Ministério das Finanças. Já no Porto estão dois autocarros preparados para partirem para a capital. A manifestação arranca às 15h00.
No Algarve, o cenário é muito semelhante. A TSF verificou que, entre as 08h00 e as 09h00, em Faro, de cinco escolas, apenas uma estava aberta. "Devido a greve do pessoal docente e não docente, não há aulas hoje": é este o aviso que pode ler-se nas portas da E.B 2/3 Santo António. A TSF apurou que as senhas do almoço que já estariam compradas passam, assim, para outro dia.
A situação é diferente no Porto, com a greve a não fazer-se sentir nas escolas desta zona do país. Durante a manhã, a TSF passou por três estabelecimentos de ensino e todos estavam a funcionar, fazendo-se notar o silêncio tranquilo das aulas que decorriam.
Em Mirandela, a escola secundária também funciona com toda a normalidade e sem constrangimentos.
Saúde, educação e serviços centrais, nomeadamente tribunais, Segurança Social e repartições de finanças deverão ser os setores mais afetados e a registar a maior adesão a esta greve da administração pública.
A TSF também percorreu algumas unidades de saúde durante a manhã desta sexta-feira. Às 08h00, em Lisboa, no centro de saúde de Sete Rios, uma das maiores unidades de cuidados de saúde primários do país, o dia parecia estar a começar com bastante normalidade. Antes da abertura das portas, 15 pessoas esperavam para conseguirem consultas e alguns dos utentes foram mesmo surpreendidos com a previsão de greve, uma vez que, na porta, não havia qualquer indicação nesse sentido.
Nas consultas externas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, algumas das pessoas também se mostraram surpresas com a paralisação. O serviço abriu às 08h00, no entanto, resta perceber se as consultas e exames que estavam marcados vão mesmo acontecer.
No centro de saúde de Faro, o segurança distribuiu senhas a quem tinha consultas marcadas, mas, às 08h00, ainda não se sabia se haveria médicos e enfermeiros para atender os utentes.
A par dos aumentos salariais, em que inclui a subida, durante o ano de 2024, para os 1000 do salário mínimo no Estado, a Frente Comum reivindica ainda mudanças nas carreiras e no sistema de avaliação de desempenho, bem como de medidas de reforço dos serviços públicos.
Para Sebastião Santana, "nos serviços públicos o que se perspetiva é de abertura de portas ao setor privado" em setores como a saúde e a Segurança Social, ou seja, um "desfigurar absoluto da administração pública" que os trabalhadores não podem aceitar.
