Adidas da Maia. Secretário de Estado não consegue falar com empresa e admite irregularidades
Miguel Fontes refere à TSF que as possíveis irregularidades no despedimento coletivo causaram "surpresa" e "desconforto" no Governo.
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O secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, revela que o Governo não foi informado de qualquer intenção de um despedimento coletivo na Adidas, no concelho da Maia, tendo sabido do caso pela comunicação social.
Em declarações à TSF, o secretário de Estado revela que ainda está a tentar contactar os responsáveis da empresa, dois dias depois de o caso ter sido conhecido.
"Tenho dado indicações para tentar estabelecer esse contacto. O meu gabinete está a tentar obter os contactos dos responsáveis da Adidas, mas isso não impedirá que à primeira oportunidade procuraremos estabelecer esse contacto e inteirar-me na primeira pessoa dessas motivações que, para já, apenas tive a oportunidade de conhecer através da comunicação social", afirma Miguel Fontes.
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O Governo admite um sentimento de "surpresa" e "desconforto" em relação a possíveis irregularidades no processo: "Nos termos da lei, quando há uma intenção de despedimento coletivo, ela deve ser comunicada, nomeadamente à DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho), para poder avaliar se os requisitos que a lei prevê estão verificados (...) A lei prevê vários mecanismos que só podem ser acionados depois de termos conhecimento dessa intenção de despedimento coletivo. É por isso que esta não é uma questão meramente de cortesia ou protocolar. É porque, sem isso, não é possível diligenciar da forma que a lei prevê."
Miguel Fontes diz que "no momento em que nós temos políticas públicas e instrumentos para apoiarem as empresas, como tivemos durante uma situação tão grave quanto a da pandemia, para preservarmos o emprego, é evidente que é com surpresa e preocupação que o Governo toma conhecimento desta intenção de um despedimento que afetará muitas pessoas e as suas famílias".
https://www.tsf.pt/portugal/economia/adidas-vai-transferir-300-postos-de-trabalho-para-a-india-e-reconverter-muitos-trabalhadores-da-maia-15265199.html
O secretário de Estado do Trabalho quer ainda saber se o despedimento coletivo é mesmo "a única opção que resta face a outras que eventualmente possam existir".
A empresa anunciou na segunda-feira que vai despedir pelo menos 300 trabalhadores, que podem chegar a 500, devido à reestruturação que a empresa está a levar a cabo em Portugal. A multinacional vai deslocar os serviços que até agora funcionavam no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia) para a Índia.
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O caso causou consternação em vários partidos e sindicatos. O PCP que saber o que é que o Governo vai fazer para apoiar os trabalhadores em causa, enquanto o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços quer que o Executivo proteja os postos de trabalho.