Administração do Centro Hospitalar do Algarve apela a que médicos e enfermeiros adiem férias
Os gestores hospitalares propõem pagar o triplo e majorar em 50% as horas nas urgências.
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A administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), está a pedir aos trabalhadores que, de modo voluntário, alterem, adiem ou suspendam as férias marcadas até 30 de setembro.
Numa deliberação elaborada pelo vogal do conselho de administração e assinada por todos os administradores, assim como pelo diretor clínico, é afirmado que a remuneração a atribuir aos trabalhadores pelos prejuízos causados "irá equivaler ao triplo do correspondente ao período em causa". Argumentam com o desgaste a que estão sujeitas as equipas do CHUA, bem como os constrangimentos que pode causar a alteração ou interrupção de férias nas famílias.
As férias, de acordo com os gestores hospitalares, poderão ser remarcadas até abril de 2023.
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No mesmo documento consultado pela TSF, é adiantado que está a ser ultimada a proposta já colocada à consideração das tutelas de contratar mais enfermeiros, médicos, técnicos e assistentes operacionais, seja em regime de mobilidade, seja com acrescento de remunerações. A administração propõe majorar em 50% as horas efetuadas pelos profissionais nas urgências.
O conselho de administração considera que "vem sendo evidente um aumento incessante de procura pelos cuidados de saúde hospitalares na região algarvia" em todas as unidades do CHUA, quer em ambulatório, quer também a nível cirúrgico, mas sobretudo nas urgências.
No mesmo documento assinado por todos os administradores é salientado que a procura tem-se revelado sistemática, e é lançado o alerta de que nem sequer se atingiu ainda o pico da época alta.
É afirmado ainda que se tem aprofundado o défice de camas no centro hospitalar e que nem as respostas articuladas entre várias instituições tem conseguido dar resposta.
De acordo com este órgão gestor, as medidas agora preconizadas são tomadas para garantia de "segurança na missão assistencial" que lhes compete.
A presidente do Conselho de Administração, contactada pela TSF, explica também que uniformizaram o pagamento aos prestadores de serviços.
Ana Varges Gomes não garante, no entanto, que o encerramento da urgência de pediatria, como está a acontecer nesta altura, não volte a suceder. "Este não é um problema novo, infelizmente, e eu só tenho 6 médicos que são obrigados a fazer urgências 24 horas", afirma. E esse número tão diminuto "para garantir escalas em Faro e Portimão nas urgências, no internamento, nos blocoas de partos", lamenta.
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"Estamos muito dependentes dos prestadores de serviços, se eles falham não temos como obrigá-los a vir", adianta. " Portanto, essa questão [o encerramento das urgências], obviamente que pode acontecer mais vezes", assume.