Administradores hospitalares defendem que sistema de vales-cirurgia "pode ser melhorado"
Mais de 30% dos 261 mil utentes em lista de espera para uma cirurgia ultrapassaram o tempo máximo recomendado
Corpo do artigo
O presidente da associação portuguesa dos administradores hospitalares defende que o sistema dos vales-cirurgia pode ser melhorado. O jornal Público revela, na edição desta quarta-feira, que mais de 30 por cento dos 261 mil utentes em lista de espera para uma cirurgia ultrapassaram o tempo máximo recomendado e que, apesar desta situação, ficaram por utilizar 80 por cento dos vales-cirurgia emitidos para recorrer ao privado como alternativa quando o prazo de atendimento está a terminar nos hospitais públicos.
Esta situação decorre do facto da maioria dos pacientes se recusarem a mudar de médico ou hospital. À TSF, Xavier Barreto diz que há duas formas de melhorar este sistema de vales-cirurgia.
"O que nós entendemos é que esse modelo pode ser melhorado, eventualmente responsabilizando os hospitais, agora ULS, pela cirurgia e, ao invés de termos um modelo de vale cirúrgico em que o hospital não tem qualquer intervenção, envolver o hospital nesse processo, sendo, no fundo, o hospital a contratar o serviço do setor privado e do setor social para fazer essa cirurgia", explica Xavier Barreto.
Questionado sobre se isso implicaria, por exemplo, as equipas dos hospitais públicos irem para o privado, o presidente da associação portuguesa dos administradores hospitalares considera que essa "é uma outra alternativa". "Há hospitais públicos que já o estão a fazer. Se porventura a dificuldade forem espaços, porque não os hospitais públicos arrendarem esses espaços aos hospitais privados e do setor social para aí poderem fazer as suas cirurgias, isso só existe no Serviço Nacional de Saúde", sublinha.