"Adopte Uma Aldeia": voluntários cuidam das localidades atingidas pelos fogos
Chegaram ao terreno há quatro meses e meio, em Pedrógão Grande. Agora querem garantir apoio permanente às comunidades mais isoladas em todo o país.
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Nos concelhos mais penalizados pelos incêndios, um grupo de voluntários está a lançar o projeto "Adopte Uma Aldeia". O objetivo é trabalhar em rede e garantir apoio permanente às comunidades mais isoladas, em todo o País.
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Encontram-se nas redes sociais, através do grupo Voluntários para Pedrógão Grande, Vieira de Leiria e Marinha Grande. Estão há quatro meses e meio no terreno, a distribuir donativos, a reconstruir vidas e a contrariar o abandono do interior. Como?
"Muitas vezes aquela necessidade de ter de falar com alguém, pedir um conselho mais especializado, que as pessoas não sabem, ler uma carta, que às vezes é preciso decifrar e todos nós temos às vezes dificuldade em decifrar, fazer lóbi pela aldeia. E quem está em Lisboa e em grandes centros urbanos por vezes tem esses contactos", explica José Almeida, diretor de informática numa sociedade de advogados em Lisboa, voluntário ao fim de semana e membro do grupo que está a lançar o projeto "Adopte Uma Aldeia".
Com raízes em Coimbra, e ligações a Pedrógão Grande e Ansião, através da família da mulher, José Almeida diz que é tempo de reequilibrar um país inclinado para o litoral. "Quando adoto uma criança, tenho de pensar em todas as dimensões da criança: a escola, a saúde,... E, portanto, o princípio é mesmo esse. Essa criança não vive isolada, ela vai relacionar-se com outros, vai ter necessidades, umas vezes especiais, outras vezes não, e cabe-nos a nós, como familiares distantes, muitas vezes, é verdade, porque estamos em centros urbanos distantes, acompanhar as necessidades destas aldeias".
O projeto "Adopte Uma Aldeia" pretende juntar voluntários em rede, cada grupo responsável por uma comunidade. Nos momentos de crise, mas não só. Porque determinado território "pode não ter sofrido absolutamente nada" por ação do fogo, mas a "criatividade em termos profissionais dos voluntários que estão ali", na procura de "soluções, às vezes engraçadas, até para melhorar as condições de vida na aldeia", tem o poder de causar impacto numa perspetiva de desenvolvimento global, acredita José Almeida.
A trabalhar com as autarquias e com outros parceiros locais, os voluntários querem agora prolongar a resposta de emergência para um acompanhamento continuado. Sempre com a ajuda das redes sociais.
O grupo está há quatro meses e meio em Pedrógão Grande. E nas últimas semanas tem vindo a prestar apoio na Marinha Grande e noutros concelhos da região centro afetados pelos incêndios.