«Há aqui um fel que é estranho», afirmou o advogado de Armando Vara, Tiago Rodrigues Bastos, em declarações aos jornalistas à saída da sala de audiências do tribunal de Aveiro onde está a decorrer o terceiro dia das alegações finais do julgamento do processo "Face Oculta".
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O defensor disse que o pedido do procurador da República Marques Vidal «transpira uma raiva a uma avaliação que é feita de um determinado poder político», admitindo haver «uma motivação pessoal e política, mas que não assenta nos factos».
Tiago Rodrigues Bastos afirmou ainda que esperava que o MP não pedisse pena de prisão efetiva para Armando Vara.
«Tinha uma secreta esperança que isso não acontecesse, mas também não posso dizer que fico totalmente surpreendido, depois de do que todos ouvimos ontem [quarta-feira]», referiu o causídico, afirmando continuar a acreditar na absolvição do seu cliente.
O advogado do sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido no caso, também disse não ter ficado surpreendido com a pena pedida pelo MP.
«Este pedido veio na linha do que tem sido a falta de razoabilidade, de equilíbrio e de contenção das posições da acusação pública neste processo», referiu.
O procurador do MP pediu na quinta-feira a condenação com penas efetivas do antigo ministro Armando Vara, acusado de três crimes de tráfico de influência, e do ex-presidente da REN (Redes Energéticas Nacionais), José Penedos, acusado de dois crimes de corrupção e dois de participação económica em negócio.