Advogado de ex-CEO da TAP espantado com "rapidez" com que deputados condenaram fuga de informação
Paulo Sá e Cunha ensaiou na TSF uma possível explicação para esta rapidez dos deputados.
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O advogado da antiga presidente da TAP Christine Ourmières-Widener, Paulo Sá e Cunha, em declarações à TSF mostra-se espantado com a rapidez com que os deputados criticaram a divulgação de dados considerados confidenciais e recorda que na justiça isso acontece quase todos os dias, mas os deputados não reagem com esta rapidez.
"Acho curioso que em Portugal tenhamos vários segredos. Aquele que conheço melhor, como advogado, é o segredo de justiça dos processos criminais e é violado quase todos os dias. Isso também é crime e nunca vi uma grande preocupação dos deputados sobre as violações do segredo de justiça nos processos criminais. Tenho a dizer que infelizmente, e há uma longuíssima tradição em Portugal nessa matéria, não há respeito acerca da classificação dos documentos como sigilosos. Portanto é muito frequente, seja nesta sede das comissões parlamentares de inquérito seja nos processos criminais, que é uma realidade que conheço melhor, haver violações do segredo de justiça que normalmente passam impunes", explicou à TSF Paulo Sá e Cunha.
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O representante de Christine Ourmières-Widener ensaia uma possível explicação para esta rapidez dos deputados.
"É por causa dos contornos de disputa política intensa que este caso da TAP está a suscitar. É matéria de natureza política. Não sou político, não tenho grandes conhecimentos da matéria nem aspirações nenhumas a entrar nesse tipo de discussão, mas a única explicação que encontro é essa. Este é um caso que tem inflamado o debate político e este tema presta-se a reações um bocadinho mais assertivas, mais intensas por parte dos deputados", defende o advogado.
Sobre a ação em tribunal da antiga presidente executiva da TAP, por causa do despedimento, o advogado Paulo Sá e Cunha afirma apenas que, em abstrato, podem estar em causa vários processos e não apenas um.
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"Abstratamente podemos falar de uma série de situações que são passíveis de gerar litígios judiciais e essas várias situações podem ter cabimento. Umas no foro administrativo, outras nos foros civis e tudo isso neste momento ainda está em apreciação e é a única coisa que posso dizer a esse respeito", afirmou.
Ainda assim Paulo Sá e Cunha não quis falar sobre a informação que foi divulgada na quinta-feira de que a gestora francesa tinha mesmo as perguntas combinadas com o Partido Socialista antes da audição de 18 de janeiro.