Advogado do piloto do acidente no Douro: "Se foi por avaria, é preciso rever todos os helicópteros iguais"
Albano Cunha afirma à TSF que não se pode ligar o desvio da ave às causas da queda do helicóptero
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O advogado do piloto do helicóptero que caiu no rio Douro na semana passada afirma que será preciso rever todos os aparelhos iguais que existem em Portugal, caso se confirme que a causa do acidente tenha sido avaria.
À TSF, Albano Cunha, advogado e amigo do piloto, teme que o cliente seja responsabilizado pelo acidente e recusa que o desvio da ave, que consta no relatório preliminar, seja a causa do desastre.
"Não, não existe nenhuma acusação de que foi responsabilizado do piloto, mas o que vem no relatório preliminar é que existiu uma manobra de desvio de uma ave, embora o relatório diga que depois o piloto retomou a sua rota normal. De facto, o desvio de uma ave é algo muito normal de acontecer nos voos de helicóptero, principalmente em incêndios, até porque existem muitas aves de rapina que costumam estar até na boca do fogo à espera das suas presas. É normal existir desvio de aves, é normal. Agora, o facto de ter lá escrito que o piloto disse que se desviou de uma ave, e ninguém duvida que se desviou da ave, mas não se pode tentar ligar isso à razão da queda do helicóptero", diz o advogado.
E prossegue: "Essa ligação ainda não foi feita e espero que nunca seja e, por isso, é que ele tem um advogado neste momento a representá-lo. Sou amigo dele, mas também sou advogado dele, porque o seguro morreu de velho. O relatório preliminar fala no desvio da ave, o desvio da ave aconteceu, mas essa não é a razão da queda do helicóptero. E se isso, no final, for alguma justificação para tal, nós cá estaremos para defender o meu cliente."
Albano Cunha garante que o piloto, Luís Rebelo, disse aos investigadores desde o início que os comandos da aeronave tinham ficado presos.
"A explicação foi aquela que ele adiantou desde a primeira hora: que houve uma prisão, digamos assim, dos comandos do helicóptero. O que sucedeu foi que, e ele falou nos hidráulicos que terão ficado presos, porque o helicóptero cai pique. Quem vir o vídeo, e felizmente existe aquele vídeo, que é um vídeo que estava apreendido pelas autoridades, mas que entretanto foi tornado público. Por nós, tudo bem, não temos nada contra, muito pelo contrário. Ainda bem que foi, porque se vê que o helicóptero vai a pique. Ou seja, há de facto uma falha na própria máquina, no próprio helicóptero, que leva a que o piloto não conseguisse manusear. E tanto não conseguiu manusear que ele embateu a 180, segundo diz, ou 170, ou 190 km/hora na água. A velocidade de cruzeiro, é normal ele poder deslocar-se a essa velocidade", refere.
O advogado e amigo conta que o piloto do helicóptero "fisicamente está a recuperar bem" e "voltou a ser operado ao pé", estando a ter apoio de psicólogos da Polícia Marítima.