Aeroporto do Montijo correrá risco de inundação. Estudo internacional deixa alerta
Especialista alerta que vai sair muito caro ao país travar a subida do nível médio do mar, nomeadamente, no futuro aeroporto do Montijo, se este for para a frente.
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Um novo estudo sobre as zonas do Mundo em risco com a subida do nível médio do mar, até 2050, volta a colocar a vermelho parte do futuro Aeroporto do Montijo. Este risco já tinha sido noticiado no passado pela TSF , com alertas de investigadores da Universidade de Lisboa, mas agora é um estudo internacional, feito por vários investigadores em colaboração com a organização não-governamental Climate Central, que deteta riscos na atual base aérea do Montijo.
Carlos Antunes, especialista em engenharia geoespacial (antiga engenharia geográfica) e coordenador de um trabalho que há alguns anos cruzou imagens de satélite, cartografia e as previsões dos cientistas para a subida do nível médio do mar em Portugal, explica que o estudo agora divulgado tem limitações, mas é o segundo a alertar para um problema que pode afetar o futuro segundo aeroporto da região de Lisboa.
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O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa explica que os problemas podem surgir em casos de marés muito altas, que acontecem algumas vezes no ano, e em situações de tempestades (cada vez mais comuns com as alterações climáticas).
"Este trabalho identifica externamente aquilo que nós já tínhamos identificado, corroborando e reforçando a ideia de que a zona do Montijo é muito suscetível a subidas da maré", explica.
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Mesmo depois de ler o estudo de impacto ambiental promovido pela ANA, empresa gestora dos aeroportos do continente, Carlos Antunes não tem dúvidas em dizer que "é um risco construir ali o aeroporto".
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O investigador admite que a engenharia pesada encontra sempre soluções para tudo, mas a estratégia de adaptação climática deve passar por sair, abandonar e não ocupar zonas em risco: "Posso proteger, aterrar, aumentar a altura do terreno para diminuir a vulnerabilidade à subida das águas, mas o custo de fazer isso é imenso, até porque, quando fizermos essa obra, teremos de a fazer no Aeroporto de Faro, na Base Naval do Alfeite, nos portos da Gafanha da Nazaré, de Setúbal, etc., etc.", zonas também em risco de inundação daqui a poucas décadas.
No caso do Montijo, o problema é mais simples, pois aquilo que ali funciona hoje é apenas uma base aérea e pode ainda evitar-se a construção do novo aeroporto: "A médio prazo, é um erro ocupar aquela zona, pois o nível médio do mar vai subir vários metros e não vai parar em 2100", conclui.
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