Afogamentos em Portugal. Nadadores-salvadores dizem que estão a ser batidos "recordes desde 2017"
À TSF, Alexandre Tadeia pede às autarquias que assumam a responsabilidade da vigilância das praias durante todo o ano.
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O presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores alerta esta quinta-feira que Portugal está a "bater recordes" de afogamentos desde 2017 e que as autarquias devem assumir o papel da vigilância das praias durante todo o ano.
"No final do mês de março temos mais afogamentos do que no ano passado. Nós vamos fazer uma divulgação durante a próxima semana destes valores exatos, mas em primeira mão posso dizer que estamos a bater recordes desde 2017 em termos do afogamento em Portugal. O que é extremamente preocupante. E parece que os nossos amigos políticos não estão a ver", diz à TSF Alexandre Tadeia.
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Esta tarde, três pessoas morreram nas praias portuguesas: duas em Sesimbra e uma em Matosinhos. O líder dos nadadores-salvadores avisa que o cenário podia ser ainda pior.
"É muito triste ver estas mortes acontecerem, ainda mais porque nós ontem fizemos um comunicado a apelar a que fossem seguidas as regras de segurança e a realidade é que morreram três pessoas num só dia nas praias portuguesas, mas podiam ter sido muito mais, porque hoje e ontem foram realizados dezenas de salvamentos pelos dispositivos que estão no terreno", assegura.
Por isso, Alexandre Tadeia diz que há duas ilações a tirar: "Isto quer dizer que neste momento há um alto risco de afogamento. Muito, muito elevado. E isto prova duas coisas: a primeira é que a temática da segurança aquática não está a ser ensinada nas escolas como deveria ser e a segunda é que as praias portuguesas necessitam claramente de vigilância durante todo o ano."
Para o presidente da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, são as autarquias quem deve assumir a responsabilidade da vigilância.
"As autarquias têm de se consciencializar que têm de deixar de andar a empurrar esta área para os concessionários de praia, que a têm de assumir e durante todo o ano, porque estamos em abril e estamos neste momento com praias lotadas. Ainda há pouco me dizia uma pessoa que em Matosinhos, nos últimos dias, tiveram afluência de dez mil pessoas na praia. (...) Muito bem que temos dispositivos em alguns locais, a Marinha também está a disponibilizar fuzileiros para reforçar, mas a solução não é essa. A solução é garantirmos que as nossas praias tenham segurança durante todo o ano. Isto é uma competência das autarquias", concluiu.