O líder espiritual dos muçulmanos shia ismaili elogia Portugal e vai aqui organizar o encontro anual do Conselho para o Pluralismo e a entrega do prémio Aga Khan para a Música, em março de 2019.
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Recebido com honras no Parlamento português, o Aga Khan Shah Karim Al-Hussaini sublinhou aposta que a fundação a que preside tem feito em Portugal e os planos que alimenta para o futuro, depois de transferir para o Palacete Mendonça alguma das atividades do Imamat Ismaili, a instituição com quase quinze séculos, que agora vai ter a sede em Lisboa, "após muita reflexão e muita consulta", disse.
"Já estamos a planear organizar aqui, em Lisboa, o próximo encontro anual do Conselho do Centro Global para o Pluralismo, assim como a cerimónia inaugural do Prémio Aga Khan para a Música. E muito mais se seguirá", garantiu o líder espiritual da comunidade Ismaili.
O Aga Khan, Shah Karim Al-Hussaini considera que Portugal "tem merecido uma posição alta" na lista de "Países de Oportunidade".
"Um País de Oportunidade constrói sobre as forças do seu passado, enquanto lida com os seus problemas, adotando valores estáveis enquanto respeita uma variedade de pontos de vista. Os Países de Oportunidade valorizam as estruturas legais que criam um clima de previsibilidade e de confiança, um Ambiente Favorável para a mudança criativa", disse o Aga Khan considerando Portugal como "o local ideal" para concluir as celebrações do aniversário do jubileu de diamante, 60 anos como imã dos muçulmanos shia ismaili.
"Esta visão pluralista tem vindo a ser refletida em muitos momentos, ao longo da História portuguesa, e tem sido expressada de uma forma poderosa, na recente emergência deste país no plano global, como influenciador", disse ainda o líder dos ismaelitas.
Aga Khan citou, "apenas para mencionar alguns exemplos", o que classificou como "fortes papéis desempenhados pela liderança portuguesa" nas Nações Unidas e na UNESCO, na Comissão Europeia e - desde a semana passada - na Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Durante a cerimónia, Ferro Rodrigues elogiou "a preocupação com os valores mais profundos da dignidade humana", sublinhando o papel da Rede Aga Khan na Educação, combate à pobreza, desenvolvimento rural, o empenho social e a atenção para com a cultura".
"A sua vinda para Lisboa é a melhor ilustração de como nos queremos projetar na comunidade internacional: como país construtor de pontes, plural e dialogante"
"Da Ásia Central e do Sul à África Oriental e ao Canadá, em Portugal e no Reino Unido, os ismailis destacam-se por traços com que muito nos identificamos: a abertura e o respeito pelo próximo, a capacidade de integração, e, ao mesmo tempo, o amor pelas nossas raízes profundas", disse o presidente da Assembleia da República.
Já Fernando Medina, o autarca de Lisboa, considerou que o Aga Khan "exerce o mandato com a divisa clara de apoiar a humanidade", vincando ainda os valores da tolerância e do pluralismo.
Entre as personalidades presentes na Sala do Senado estiveram o filósofo Eduardo Lourenço, o antigo primeiro-ministro Pinto Balsemão, o antigo ministro Adriano Moreira, o presidente do Tribunal de Constas, os responsáveis militares, o Núncio Apostólico, entre figuras da comunidade Ismaili.
O Aga Khan, Shah Karim Al-Hussaini foi recebido na Assembleia da República por ocasião das Comemorações do Jubileu de Diamante como 49.º Imã Hereditário dos Muçulmanos Shia Imami Ismaili e no quadro da Visita Oficial a Portugal.
Ainda antes da Realizou-se um encontro entre o Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e Sua Alteza o Aga Khan, e as Delegações Parlamentar e do Imamat Ismaili.
Foi ainda inaugurada, no Salão Nobre do Palácio de São Bento, a exposição "Ideais de liderança: obras-primas das coleções do Museu Aga Khan", organizada para o efeito e que fica patente entre 12 de julho e 14 de setembro.