Agentes da PSP de Braga e Lisboa tentam entregar armas de serviço em protesto
Polícias não conseguiram levar a cabo a intenção porque "alguém superiormente não o terá permitido e não haveria fundamento para esse efeito".
Corpo do artigo
Pelo menos 30 agentes do comando distrital de Braga da Polícia de Segurança Pública (PSP) e várias dezenas do comando metropolitano e do aeroporto de Lisboa estão a tentar entregar as armas de serviço como forma de protesto, embora sem sucesso.
Em declarações à TSF, Paulo Santos, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), confirmou ter conhecimento de tentativas de entrega das armas em Braga “na última noite” e de que o mesmo “estará também já a acontecer”.
"No comando distrital de Braga estaria na casa dos 30 e sei que já há algumas dezenas também comando metropolitano de Lisboa, mas é algo que está a acontecer e estamos a tentar monitorizar também para perceber efetivamente o que está a acontecer” apontou.
Os agentes que tentaram fazer a entrega não o conseguiram "porque alguém superiormente não o terá permitido e não haveria fundamento para esse efeito”.
“Qualquer polícia que seja portador de uma arma de fogo é responsável e é o titular dessa arma de fogo. Há aqui um conjunto de circunstâncias que permitem que a arma de fogo não seja mantida com o portador: obedece a questões do foro psiquiátrico, dependências de processos-crime, entre outros”, explicou sobre as intenções goradas.
Há várias semanas, a par dos militares da GNR, em luta pela atribuição de um suplemento de missão idêntico ao que foi atribuído aos inspetores da Polícia Judiciária, os agentes da PSP lamentam a abertura que não têm sentido por parte do Governo e sublinham o apelo para este "não descurar e não secundarizar as mensagens e os alertas que têm sido diariamente colocados como preocupantes”.
A tentar “demonstrar cada vez mais a indignação”, os agentes garantem agir com “responsabilidade” para garantir que os protestos acontecem de modo a “não estragar” tudo o que já foi feito, mas também a “proteger os colegas”.
Ainda assim, aponta, é necessário “dar aqui um sinal claro ao Governo para aquilo que está a acontecer nas forças de segurança e que parece ser grave: esta ignorância, esta secundarização, esta ausência de qualquer palavra por parte de quem governa o país, neste caso concreto o senhor primeiro-ministro, é preocupante e poderá estar aqui um quadro de desnorte e de empurrar os profissionais para situações que não são interessantes para ninguém”.
Num outro apelo contra decisões ou atitudes irrefletidas da parte dos agentes em protesto, e porque estes sabem que há "outros setores da sociedade a ver os seus problemas resolvidos”, Paulo Santos diz acreditar que o trabalho desenvolvido pela plataforma de polícias "tenha frutos o mais rápido possível”, mas avisa que para tal é necessário manter a "elevação, com dignidade e com seriedade na abordagem dos problemas”.