O deputado comunista fez um discurso crítico a Cavaco Silva e ao primeiro-ministro e foi primeiro a referir-se diretamente ao Bloco de Esquerda e a colar os bloquistas ao PS.
Corpo do artigo
No Congresso do PCP, Agostinho Lopes disse que o BE e PS acreditam numa solução dentro do euro, sublinhando que estão «juntos numa ilusão».
«Há duas ilusões a evitar, a que é possível uma política alternativa com a manutenção do euro e mais federalismo como querem o PS e o Bloco de Esquerda e a ideia de que tudo se resolve com uma saída pura e simples do euro, qualquer que seja a forma como se sai e as condições de saída», advertiu.
Para Agostinho Lopes, um governo «patriótico e de esquerda» deve, no entanto, preparar o país para «a reconfiguração da zona euro, nomeadamente a saída da união económica e monetária, por decisão própria ou crise na União Europeia, salvaguardando os interesses de Portugal».
Numa intervenção muito aplaudida no XIX Congresso do PCP, que decorre em Almada, Agostinho Lopes começou por dizer que «a cassete do PCP falava verdade» quando advertiu para as causas da crise.
«O PCP tinha e tem razão quando se opôs ao processo de integração capitalista europeu, quando de forma insistente e persistente se opôs a políticas nacionais e comunitárias de liquidação das pescas e agricultura», afirmou.
Agostinho Lopes defendeu o combate «ao esquecimento e ao silêncio» para que «os coveiros do país não sejam agora travestidos de salvadores».
«A crise teve algumas virtudes, fez o Presidente da República Cavaco Silva condenar o primeiro-ministro Cavaco Silva responsável pelos estigmas que nos afastaram do mar e até da indústria», ironizou, provocando os assobios e as vaias dos congressistas.