Agressividade, depressão e privação do sono: calor também afeta a saúde mental
Em declarações à TSF, o vice-presidente da Ordem dos Psicólogos recomenda o "ajuste das rotinas diárias" e uma maior atenção ao sono: "Ter um local de sono fresco e adequado para que tudo o resto possa ser minimizado"
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Já se sabe que as ondas de calor aumentam as mortes e os internamentos hospitalares, mas as altas temperaturas também afetam o comportamento humano. Em declarações à TSF, Daniel Coelho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, confirma que o calor tem um impacto inegável na forma como nos sentimos e agimos.
"O calor está diretamente relacionado com o aumento da agressividade. O desconforto térmico reduz a tolerância à frustração e até está associado ao aumento de casos de violência, o que pode levar a aumento de conflitos no local de trabalho e conflitos familiares", explica à TSF Daniel Coelho, sublinhando que, havendo mais calor, isso vai acabar por refletir-se "no aumento geral da irritabilidade, na menor tolerância à frustração, na maior fadiga e na dificuldade de concentração". Tudo isto, assinala o vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, também se reflete, por exemplo, "no trânsito e em casos de violência doméstica".
A par da agressividade, o calor também tende a tornar-nos mais irritadiços e deprimidos. "Há um maior risco de ansiedade, depressão e perturbações do sono", adianta o especialista.
"O calor dificulta a qualidade e a quantidade de sono, podendo levar a algum tipo de privação. A perturbação do sono tem um efeito multiplicador e reforçador de todas as outras questões que também estão associadas ao calor", frisa.
Os impactos das altas temperaturas durante muito tempo não afetam todos de igual forma. As pessoas com mais fragilidades ao nível da saúde mental, em regra, sofrem mais e tudo depende do contexto na vida de cada um.
Daniel Coelho deixa, por isso, algumas sugestões para ultrapassar melhor estes períodos: "Estar atento à sua própria saúde e ajustar as rotinas diárias, a carga de trabalho e as atividades àquilo que podem ou não fazer, que não é aquilo que poderá fazer num dia com uma temperatura normal. Estar atento ao sono, que é um aspeto muito importante, uma vez que não é diretamente relacionável e, portanto, ter um local de sono fresco e adequado para que tudo o resto possa ser minimizado."
Sete distritos do continente mantêm-se, esta segunda-feira, sob aviso vermelho, o mais elevado, por causa do calor.
O aviso vermelho nos distritos de Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Castelo Branco e Portalegre vai vigorar até às 21h00, passando a maior parte a laranja (o segundo mais grave) pelo menos até às 21h00 de terça-feira, à exceção de Setúbal e Lisboa, que às 21h00 desta segunda-feira passam logo a amarelo.
Sob aviso laranja estão esta segunda-feira Bragança, Vila Real, Guarda, Viseu, Coimbra e Faro. Em Viseu, Coimbra e Faro este aviso vai vigorar até final do dia desta segunda-feira (21h00), em Vila Real durará até às 21h00 de terça-feira e nos distritos de Bragança e Guarda estende-se até às 18h00 de quarta-feira.
Por causa da onde de calor que atinge o país, a Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou para os riscos para a saúde, recomendando que se beba água, evite bebidas alcoólicas e opte por ambientes frescos ou climatizados.