Agricultores alentejanos esperam chuva para semear, mas água só a conta gotas

Darren Whiteside/Reuters
As sementeiras de outono/inverno deveriam ter sido iniciadas a 1 de outubro mas, no Alentejo, a seca atrasa os trabalhos agrícolas.
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A chuva regressou ao Alentejo esta madrugada, mas apenas a conta-gotas. Os agricultores precisam de muito mais água para conseguirem entrar com as alfaias nos campos que se apresentam secos e duros, após oito meses sem chover.
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João Paulo Calçudo já prepara o trator para aproveitar ao máximo as primeiras chuvas, mas na região de Elvas ainda só caíram quatro litros de água nas últimas horas. É preciso mais para que as máquinas consigam entrar na terra, segundo diz o agricultor.
As sementeiras já deviam ter arrancado a 1 de outubro, mas 17 dias depois as sementes ainda estão nos armazéns. Ainda assim, houve quem tivesse semeado, mas "sob risco", como relata Miguel Mendes, que fica à espera da generosidade de São Pedro nos próximos dias.
A TSF percorreu a região, onde a chuva dá sinais ténues de regresso, mas o cenário alentejano ganhou contornos dantescos entre campos secos e gretados. Animais sem pastagens alimentados a farinha, barragens à míngua e uma quebra de azeitona como não se via há muito anos.
As oliveiras até estão carregadas mas o fruto não conquistou calibragem e apresenta-se mirrado, diz o produtor António Gonçalves.
Com cerca de 40 anos de lavoura este agricultor não se lembra de uma seca como a de 2017, onde as más notícias se estendem até à barragem do Caia, que abastece Elvas, Campo Maior e Arronches. Houve necessidade de antecipar o final da campanha de rega aos 250 associados, distribuídos por uma área de 7500 hectares. Nunca tal tinha acontecido.
A barragem tem apenas 19% da sua capacidade de armazenamento, pelo que o fim do fornecimento de água para a agricultura visa assegurar que o abastecimento doméstico fica garantido para, pelo menos, três anos.