Agricultores protestam: "A floresta que não morreu no incêndio está a ser devorada por pragas"
Delegações de agricultores e dirigentes agrícolas desfilam em protesto esta quinta-feira, em Lisboa. Querem ser ouvidos pelo Governo e reclamar medidas para melhorar as condições de trabalho.
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É um momento difícil para o setor agrícola e, como se costuma dizer, se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Os agricultores queixam-se da falta de resposta por parte do Governo, por isso, organizaram um desfile que começa no Largo do Príncipe Real, em Lisboa, rumo à Assembleia da República. Os agricultores querem chamar a atenção do Ministério da Agricultura para a situação difícil que estão, atualmente, a viver.
Enquanto dura a discussão do Orçamento do Estado para 2019 na especialidade, os agricultores vão propor e reclamar medidas que podem melhorar as suas condições de trabalho, mas também de vida.
João Dinis, um dos membros da Direção da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), reforça a necessidade de potenciar o desenvolvimento do setor, a começar pela concretização do estatuto da agricultura familiar, mas também de ajudar os trabalhadores fragilizados com um "aumento do beneficio fiscal do gasóleo agrícola", com a "redução de contribuições para a segurança social" ou até mesmo um "quadro fiscal que dê prioridade de apoio aos pequenos e médios agricultores que são indispensáveis para a produção nacional".
O membro da CNA relembra que a região centro está brutalmente destruída devido à instabilidade climática composta ora por secas extremas, ora por chuvas tardias, mas também pelos fogos de 2017. No entanto, 2018 também não está a ser fácil tanto para a agricultura, como para os agricultores.
"A floresta que não morreu no incêndio está a ser devorada por pragas e doenças. Até parece que é de propósito, para dar cabo da vida dos pequenos e médios agricultores", afirma.
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João Dinis sublinha que a situação é dramática e sem fim à vista: "Daqui a 20 anos as nossas aldeias estão completamente desertas, com paisagens de milhares de hectares no vasto interior feitas deserto. Deserto de pedregulhos, deserto de matagais, deserto de pessoas".