Setor primário está cada vez mais envelhecido o que coloca novos desafios à sua sustentabilidade. CCDR-Norte apresenta estudo em Vila Real, esta sexta-feira, a olhar para um futuro mais ligado à tecnologia.
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O envelhecimento dos agricultores e a falta de interesse dos jovens por esta atividade são duas das principais ameaças ao setor primário em Portugal. O problema é mais sentido no Interior, onde o despovoamento deixa cada vez mais campos abandonados.
A solução passa por modernizar e valorizar a agricultura, para que os jovens se sintam atraídos por ela. É um dos caminhos apontados por um estudo que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-Norte) vai apresentar, esta sexta-feira à tarde, em Vila Real, e que se debruça sobre os desafios do sistema agroalimentar da região.
O estudo apresenta um diagnóstico e uma visão estratégica para um ecossistema agroalimentar competitivo, resiliente e sustentável, no Norte do país. Foi encomendado pela CCDR-Norte à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A equipa de 20 investigadores foi coordenada por Fontainhas Fernandes e Alberto Baptista.
Fontainhas Fernandes avisa que alguma coisa tem de ser feita, pois o principal problema da agricultura, sobretudo no Interior, é “a quebra demográfica e o envelhecimento”. Realça que “dentro de 10 anos, os agricultores de hoje desaparecem”. Ora, “não existindo os cuidadores da paisagem, o que é que se faz a esta região?”.
A resposta passa por convencer jovens a serem agricultores. Uns agricultores modernos que olhem para a agricultura como “algo ligado à tecnologia”. É que “dentro de uns anos a agricultura vai ser inteligente”, nomeadamente em áreas que usem “rega gota-a-gota, sensores, drones, agências espaciais para a cartografia e todo um conjunto de novas ferramentas”.
No âmbito da valorização da atividade do agricultor, Fontainhas Fernandes dá o exemplo do sucesso da formação em Enologia, muito procurada, em contraponto com a Engenharia Florestal, que poucos jovens querem, mas que garante emprego.
“Não temos engenheiros florestais e as empresas estão a contratar no Brasil”, assegura o também docente e investigador da UTAD. Por outro lado, “um enólogo tem prestígio social, tem notoriedade e os jovens querem ser enólogos”.
O estudo da CCDR-Norte que é apresentado esta sexta-feira, em Vila Real, identificou outras debilidades comuns em toda a região nortenha, como é “a gestão dos recursos hídricos, dos solos e da biodiversidade, tudo associado às alterações climáticas”.
Fontainhas Fernandes defende ainda que as instituições de ensino superior terão de assumir um papel mais relevante, não só para dar resposta às alterações climáticas, mas para permitir fazer agricultura mais moderna e ligada à tecnologia.
