Uns na caixa, outros em casa. Almeirim tem novas regras para os telemóveis nas escolas

Há situações de "dependência" em relação ao uso do telemóvel
Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens
O autarca de Almeirim revela à TSF que a decisão de proibir os alunos do primeiro ciclo de levarem este dispositivo para as escolas foi sobretudo devido "a problemas que afetam a saúde".
Os agrupamentos de escolas do concelho de Almeirim, no distrito de Santarém, vão proibir o uso de telemóveis nas escolas do primeiro ciclo, no próximo ano letivo e, apesar de a proibição não se estender aos alunos do segundo e terceiro ciclos, vai haver regras de utilização.
O presidente da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, em declarações à TSF, revela que a medida está a ser preparada para ser aplicada já a partir de setembro.
"Proibição total de levar [o telemóvel] até ao primeiro ciclo. No segundo e terceiro ciclo não o proibimos, mas recomendamos que não se leve, sendo certo que, à primeira aula que tiverem, os telefones são colocados numa caixa que depois há de ir para uma espécie de cofre, cacifo, ainda estamos a perceber o que tem mais segurança", explica.
Pedro Ribeiro avança ainda que "os miúdos do segundo e terceiro ciclos só têm acesso aos telefones quando saírem da escola", pelo que os intervalos e as horas de almoço são reservados para o convívio, "sem acesso aos telemóveis".
"No secundário a coisa será um bocadinho diferente. Quando chegam à sala de aula, depositam os telefones e depois, no final, numa primeira fase, podem usá-los nos intervalos e na hora de almoço", acrescenta.
O autarca de Almeirim revela ainda que a decisão de proibir os alunos do primeiro ciclo de levarem este dispositivo para as escolas foi sobretudo devido "a problemas que afetam a saúde", porque "está a haver cada vez mais um uso abusivo dos telemóveis, ao nível mesmo daquilo que se pode chamar de dependência".
"Nós vamos tendo alguns relatos de ansiedade quando os miúdos não têm os telemóveis junto a eles. Acaba por causar alguma frustração e, portanto, são comportamentos típicos de dependência", afirma.
Apesar de o conceito de dependência não ser sempre associado a "estas questões das novas tecnologias", Pedro Ribeiro defende que "a verdade é que cada vez mais se vai provando que essas dependências existem".
"Temos ainda relatos de miúdos que acabam por passar as noites a jogar, em chats uns com os outros, e que depois, no outro dia, não têm capacidade para estarem com atenção nas aulas, muitas vezes acabam por adormecer", continua.
Ainda assim, Pedro Ribeiro explica que há "exceções" à regra, que podem acontecer por vários motivos.
"Há jovens que - dou apenas um exemplo, haverá com certeza mais - sendo diabéticos, têm aquelas aplicações, têm aqueles implantes geralmente nos braços e têm aplicações que permitem perceber os níveis de açúcar e, como é óbvio, quem tem essas aplicações vai obviamente utilizar os telemóveis", esclarece.
Ainda "porque na tecnologia nem é tudo bom, nem tudo é mau", vão haver momentos em que os professores incentivam, "sobretudo nos mais velhos", a utilização de algumas aplicações, em contexto de sala de aula, "e isso, obviamente, será permitido".
A E.B 2,3 António Alves Amorim, em Lourosa, é uma das instituições que já proibiu o uso dos telemóveis aos alunos do sexto ao nono ano em todo o recinto escolar.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura apelou também esta quarta-feira aos países que tomem medidas para que o uso de telemóveis nas escolas seja banido. O objetivo é combater a desatenção nas salas de aula, melhorar a aprendizagem e proteger as crianças do cyberbullying.