"Água em excesso também faz mal." Impostos sobre tabaco e álcool não vão aumentar, ministro defende decisão do Governo e pede "moderação"
Em declarações à TSF, José Manuel Fernandes critica ainda o sistema de rotulagem "Nutri-score", que indica a qualidade nutricional dos produtos
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O ministro da Agricultura afirma que, em excesso, "até a água faz mal". Em declarações à TSF, José Manuel Fernandes defende a posição do Governo de não aumentar os impostos sobre as bebidas alcoólicas, os refrigerantes e o tabaco. O governante, que tem a tutela da alimentação, argumenta que não faria sentido aumentar os impostos de um produto específico e não vê problema que o Executivo tenha incluído o tabaco, bebidas alcoólicas e bebidas açucaradas na regra de não aumentar impostos, uma decisão que contraria uma prática já antiga em defesa da saúde pública.
“Não fazia sentido estar a olhar especificamente para um imposto sobre um determinado produto, sobre um determinado ingrediente, no que diz respeito à saúde, nesse caso. Numa situação dessas tinha de se olhar para vários ingredientes", explica à TSF José Manuel Fernandes.
Questionado sobre os efeitos nefastos do álcool, bebidas açucaradas e tabaco para a saúde, o ministro responde: "A água em excesso também faz mal. Tem de existir moderação."
Os especialistas têm argumentado que qualquer quantidade de álcool é prejudicial. Na Irlanda, o Governo decidiu fazer advertências nos rótulos das garrafas de bebidas alcoólicas, como já se faz nos maços de tabaco. "Considero um disparate colocar mensagens como aquelas que existem nos maços de tabaco. O consumo de vinho de forma moderada não faz mal", assegura, considerando que, em Portugal, há regiões "onde a longevidade é maior onde bebem tinto verde". "Tem de existir em moderação", reforça.
O ministro da Agricultura também decidiu acabar com o sistema de rotulagem "Nutri-Score", por letras e cores dos semáforos, que indica a qualidade nutricional dos produtos processados e é usado por vários países e empresas. José Manuel Fernandes considera que é "ilegal" e "não funciona".
"Seria muito mau estarmos a impor um determinado modelo que, por exemplo, não é o melhor para os nossos produtos ou que diga que o azeite é pior do que uma bebida refrigerante e que faz pior à saúde quando não faz. Por outro lado, não vamos aconselhar nós próprios, Governo, nenhum modelo quando há vários modelos que os mantêm e outros que não os mantêm e que depois, no fundo, acabam por ser uma desinformação", sublinha.
José Manuel Fernandes aposta num código único e obrigatório, produzido a partir de Bruxelas. Até lá, cada marca deverá fazer o que entender.
Portugal é signatário de convenções da Organização Mundial de Saúde para combater o consumo de álcool, tabaco e açúcar. A OMS adverte agora que o consumidor tem direito à informação na frente das embalagens sobre o valor nutricional dos alimentos.