O maior consumidor público de energia lança hoje um projeto para conseguir emissões zero no espaço de 10 anos. O ministro do Ambiente admite à TSF que o preço da água vendida às autarquias pode vir a baixar.
Corpo do artigo
O Grupo AdP - Águas de Portugal quer atingir a neutralidade energética em 2030. Para isso, vai investir cerca de 370 milhões de euros num programa que visa reduzir os consumos energéticos e aumentar a produção própria de energia 100% renovável.
Chamado Programa ZERO, este plano prevê a utilização de recursos disponíveis nas instalações das empresas do grupo, como por exemplo o biogás das Estações de Tratamento das Águas Residuais (ETAR), mas também energia eólica, hídrica e solar fotovoltaico, incluindo solar flutuante a instalar nas albufeiras.
Com estes recursos endógenos, a AdP espera produzir cerca de 708 GWh/ano esperando "neutralizar o equivalente a 746 GWh" em 2030, refere o ministério do Ambiente. "A empresa terá até capacidade para produzir 105% da eletricidade que consome, o que obrigará a recorrer a alguma armazenagem", diz à TSF o ministro Matos Fernandes.
O grupo AdP vai assim poupar anualmente cerca de 5,3 milhões de euros na fatura da eletricidade, o que poderá fazer com que os consumidores venham a pagar menos pela água que chega às torneiras. "Não temos dúvidas nenhumas de que ao aligeirar a estrutura de custos da empresa, inevitavelmente isso pode levar a uma baixa de preços" garante o ministro. Contudo, Matos Fernandes lembra que a AdP vende água às autarquias e por isso quem será responsável pela redução da fatura junto do consumidor "serão as câmaras municipais".
Com este programa, o grupo AdP espera evitar cerca de 204 mil toneladas/ano de emissões de CO2 ."É uma grande poupança de efeitos de gases de estufa", refere o ministro.
De acordo com o ministério do Ambiente, o Grupo AdP é o maior consumidor público de energia elétrica em Portugal, com consumos da rede superiores a 725,1 GWh/ano em 2019, o que equivale a mais de 1,4% do consumo de energia elétrica no país, a que acresce um autoconsumo de 23,5 GWh/ano.
O ministério adianta que este projeto faz da Águas de Portugal "o primeiro grupo de dimensão internacional a atingir a neutralidade energética em todas as suas atividades nacionais e internacionais a nível mundial".