O ministro da Defesa argumentou que existe em Portugal a «tentação de um Estado totalitário» provocado por um «Estado social absorvente» que cria «promiscuidades», «clientelas» e «dependências».
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«Eu acho que a revisão da Constituição é uma questão de afirmação da liberdade da sociedade civil», afirmou Aguiar-Branco na abertura do ano académico do Instituto de Defesa Nacional, em Lisboa.
Antecedido pelo sociólogo António Barreto, que deu uma 'aula' sobre a reforma do Estado em que defendeu a revisão da Constituição, o ministro da Defesa citou o antigo primeiro-ministro do governo da Aliança Democrática e ex-presidente do PSD, Francisco Sá Carneiro, para argumentar contra um Estado social que «absorva» a sociedade ao ponto de se tornar «totalitário»,
«Dizia um político que eu muito admirei que, julgo também muitos aqui admiram, Francisco Sá Carneiro, que o Estado social é necessário que exista nas democracias modernas, é um Estado que deve estar preparado para ir ao encontro das necessidades mais exigentes das sociedades modernas, mas o Estado social que absorva a sociedade por completo ou que tenda a absorver a sociedade por completo é um Estado totalitário", afirmou.
«A verdade é que nós, por via da situação de tender a ter esse Estado social absorvente, tender a ter um Estado que visa absorver a sociedade numa dimensão que, a meu ver é exagerada, faz com que tenhamos uma tentação de um Estado totalitário, que cria as promiscuidades, que cria as clientelas, que cria as dependências e enfraquece a sociedade», sustentou.
O ministro não esclareceu que aspetos da Lei Fundamental gostaria de ver revistos e em que sentido e saiu da sessão sem prestar declarações aos jornalistas.