Quando Jacinta e Francisco se preparam para ser canonizados, a TSF foi à procura dos pastores que ainda restam em Fátima.
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"A vida é dura. Temos que trabalhar até que Deus queira", desabafa Armindo Domingos. O pastor de 55 anos no Casal das Carvalhas, em Fátima, todos os dias sai com as cabras para o campo logo às 6 da manhã. E a todas deu um nome - a Estrela, a Menina, a Rita, a Joana, a Enfadonha.
O pastoreio é uma tradição de família. Também a mãe, Natália, continua a ser pastora, mas Armindo não acredita que os filhos continuem este trabalho. "Um dia que me arrefecer o céu-da-boca isto morre", lamenta, "ninguém quer andar com isto". Na terra dos pastorinhos de Fátima, hoje só sobram três.
Armindo acredita na Nossa Senhora de Fátima, mas nunca teve nenhuma visão quando andava pelos campos. "Era bom que tivesse! Era mais outro milagre", diz. Não sabe bem o que faria, "mas pelo menos chamava pessoal".
A mãe Natália, uma das últimas mulheres pastoras em Fátima, vê com bons olhos as comemorações do centenário das aparições e a canonização de Francisco e Jacinta, mas lamenta que o Santuário ainda seja longe do Casal das Carvalhas. Tem fé, mas assiste à missa pela televisão.
Já Armindo diz que nunca viu tanta confusão num 13 de maio como este ano. "É uma coisa louca", confessa.