Aldeia do concelho de Vinhais celebra Festa da Cabra e do Canhoto em noite de Halloween
A festa já não acontece desde 2019 por causa da pandemia, explica à TSF Luís Castanheira, da Associação "Raízes d'Aldeia Cidões", que organiza a celebração.
Corpo do artigo
Cidões, uma pequena aldeia do distrito de Bragança com pouco mais de duas dezenas de habitantes, volta a encher-se de gente de toda a região transmontana, não para festejar o dia das bruxas, mas antes a Festa da Cabra e do Canhoto para queimar o azar.
Os celtas, que habitaram aquelas terras, começaram esta celebração "para se despedirem da estação clara e entrarem, com sorte, na estação escura", explica Luís Castanheira, da Associação "Raízes d'Aldeia Cidões", que organiza a celebração.
A festa já não acontece desde 2019, devido à pandemia, pelo que o regresso promete ser inesquecível. "Estamos todos a precisar de sorte, de queimar o azar, as energias negativas e o vírus", conta Luís Castanheira enumerando alguns detalhes desta celebração. "Temos uma fogueira gigante onde será queimado o canhoto e um bode gigante, com toda a aldeia a receber os visitantes, decorada com motivos celtas, velas e estrelas flamejantes".
A animação e a comida também não vão faltar. "Há várias tasquinhas com bebidas típicas desta festividade" (vinho, sangria e licores celtas) e "petiscos tradicionais variados" (linguiça, alheira, Caldo verde, bifanas, presunto e feijoada à Cidões), revela José Taveira, outro elemento da associação.
E claro, a Festa da Cabra e do Canhoto é preciso comer a cabra machorra "Infértil", cozinhada em enormes potes de ferro na fogueira. A "cabra machorra" representa a mulher do diabo que não deu qualquer descendência "Queimamos o Diabo e comemos-lhe a mulher. Temos 13 cabras", adianta José Taveira.
Por volta das 23:00 horas é tempo de queimar o "cabrão" ou "bode gigante", empurrado pelas deusas para a fogueira do Fogo Sagrado. Aqui dá-se o momento alto da noite que é a luta feroz que se vai travar entre o Druida e o diabo, este último a ser expulso da aldeia para voltar só na noite de 31 de outubro do ano seguinte. Até lá, "toda a aldeia e todos os presentes estão protegidos de todos os males, inveja, azares e má sorte", conta José Taveira.
Misticismo e magia estão prometidos para quem hoje passar por Cidões. E, convém nunca esquecer: "Quem da Cabra comer e ao Canhoto se aquecer, um ano de muita sorte irá ter!"