A loja existe há 64 anos. Prédio vai ser alvo de obras depois de ser comprado por um estrangeiro.
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Os muitos turistas que andam pelas ruas de Alfama deliciam-se com uns desenhos a preto e branco nas paredes instalados pela junta de freguesia. Revelam as figuras típicas de um dos bairros históricos de Lisboa que, como diz a descrição na placa, dão "alma a Alfama".
Um dos desenhos tem como legenda "A Manuela do João" e retrata Manuela Farias. A placa diz que "todos sabem onde fica a sua mercearia", mas há algo que não está lá escrito: em breve Manuela vai passar a ser apenas... história.
"Primeiro colocaram o nosso retrato; agora correm com a gente", desabafa a última resistente de um conjunto de prédios prestes a ir para obras.
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O prédio onde fica a "Abastecedora de Alfama" está quase em ruína mas foi comprado e o novo dono, vindo algures do estrangeiro (não se sabe bem de onde...), já avisou a última inquilina resistente (a dona da mercearia) que se prepara para arrancar com obras urgentes.
Manuela conta à TSF que tem de sair, o novo senhorio até queria que já tivesse ido à vida dela, sendo uma morte anunciada sem volta: é só uma questão de pouco tempo até chegar a um acordo mínimo que lhe garanta alguma pequena indemnização.
As obras e o fim da última mercearia típica de Alfama (sobram as lojas que vendem tudo e mais alguma coisa geridas por asiáticos) é apenas uma questão de pouco tempo. "Estão a matar o bairro", conclui.