No início do ano hidrológico nada fazia prever o que está a acontecer nesta altura no Algarve. Conjunto de albufeiras estão acima dos 70% e há uma quase a atingir o limite
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Já tinha sido colocada a hipótese no final da semana passada, mas a barragem de Odeleite, a mais importante na zona sotavento (oriente) da região, vai mesmo descarregar. Nesta altura está com 94% da sua capacidade e Macário Correia, presidente da Associação de Regantes do Sotavento do Algarve, adianta que será já em breve.
“A senhora presidente das Águas do Algarve comunicou-me que se prevê amanhã (terça-feira) às 11h00”, anuncia. “A barragem está a subir porque o caudal da ribeira é considerável e vai aumentar com as chuvas que estão a cair”, explica. Nesse sentido, “é preferível aliviar um pouco para que ela tenha capacidade de encaixe”.
A água que continua a correr nas ribeiras é nesta altura em volume superior àquela que se consegue consumir. No entanto, o representante dos agricultores considera que é água que não se perde na totalidade, visto que vai regenerar os cinco quilómetros de caudal que ligam ao Rio Guadiana.
A barragem do Arade, no lado do barlavento algarvio, a que está em pior situação (20%), está a receber água da albufeira do Funcho que se encontra com 75% da sua capacidade. A barragem da Bravura, que se encontrava há pouco tempo com 15% de disponibilidade hídrica, está quase a atingir os 50%.
Na sexta-feira passada, o Governo anunciou um alívio nos cortes no abastecimento de água em todos os setores (urbano, turismo e agricultura), ficando esses cortes apenas em 5%. Macário Correia considera que é só uma formalidade para que não existam abusos.
"Aquilo que foi dito é uma mera recomendação pedagógica", acredita. O presidente da Associação de Regantes considera que este ano toda a gente vai fazer a “vida normal”.
“Nós, aqui na agricultura, temos uma regra: quem exceder em 20% o consumo (…) terá interrupção no fornecimento, para que não haja abusos”, adianta.
Macário Correia adianta que, a pretexto da agricultura, a água muitas vezes servia para encher piscinas ou para unidades de turismo que nada têm a ver com o setor. Para já, os agricultores acreditam que a água existente nas albufeiras da região já permite respirar de alívio em 2025 e 2026.