A paralisação abrange todos os profissionais da saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região, que exigem a contratação de mais pessoal para travar o desgaste a que dizem estar a ser sujeitos
Corpo do artigo
Médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde cumprem esta quinta-feira uma greve conjunta de 24 horas, no Algarve, em protesto contra a falta de profissionais e a degradação das condições de trabalho.
A paralisação abrange todos os profissionais da saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região, que exigem, entre outras reivindicações, a contratação de mais pessoal para travar o desgaste a que dizem estar a ser sujeitos.
A greve, marcada para entre as 00h00 e as 24h00, foi convocada pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM), pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas.
Ouvida pela TSF, Guadalupe Simões, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, afirma que, apesar dos serviços mínimos decretados, algumas unidades de saúde tiveram menos enfermeiros do que aqueles que eram previstos e aponta a necessidade de prolongar horários para cobrir a falta de profissionais.
"A adesão durante o turno da noite em todos os hospitais teve nos serviços mínimos e alguns dos serviços abaixo dos mínimos não por causa da greve, mas porque a carência de enfermeiros é tão grande que voltámos a ter um enfermeiro por turno, neste caso no turno da noite, para prestar cuidados a 15/30 doentes. Há serviços no hospital de Faro que têm falta de 40 enfermeiros. A questão nem sequer são as horas extraordinárias, é fazer 16 horas de seguida e, em alguns casos, a possibilidade de ter de fazer 24 horas seguidas", explica à TSF Guadalupe Simões.
Também em declarações à TSF, Alda Pereira, do Sindicato dos Enfermeiros, acentua que, nesta altura do ano, os profissionais estão ainda mais exaustos.
"A população duplica, triplica, quadriplica, mas o Serviço Nacional de Saúde está completamente esgotado, não há profissionais para trabalhar", explica à TSF Alda Pereira.
Do lado da Fnam, também ouvido pela TSF, André Gomes diz que têm sido feitos sucessivos apelos ao Governo, sem terem qualquer resultado. Por isso, agora, os três sindicatos decidiram unir esforços.
"Os profissionais no Algarve estão massacrados. São anos consecutivos de abandono por parte dos sucessivos governos. Sobretudo na época alta do verão, no Algarve, a população triplica ou quadriplica e isso leva a um massacre de todos os profissionais, que já são poucos para as tarefas do dia a dia e que se vêm confrontados com a necessidade de realizar horas extraordinárias sem fim para poder garantir os melhores cuidados aos nossos utentes do Serviço Nacional de Saúde. Os três sindicatos decidiram que estava na altura de deixar um alerta definitivo ao Governo, já que as sucessivas negociações e os sucessivos alertas de anos anteriores caíram em saco-roto", afirma.
O presidente do Conselho de Administração da ULS do Algarve acusou estes sindicatos de estarem instrumentalizados pelo Partido Comunista. O dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul responde desta forma: "É uma acusação que me deixa até algum sorriso na cara. Enquanto dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, fui eleito numa lista que foi sufragada entre os associados médicos do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e vamos ter eleições no próximo mês de setembro. Já o senhor presidente do Conselho de Administração, foi nomeado pelo Governo diretamente, sem qualquer método eleitoral, portanto, fica aqui a questão de quem é que está ao serviço de quem."
Segundo os profissionais de saúde, a exaustão e o agravamento das condições de trabalho só não têm maiores consequências para os doentes e utentes devido ao “elevado sentido de responsabilidade e entrega” diária.
“Os pedidos de exoneração e rescisões de contratos de trabalho acontecem quase diariamente e, em muitos serviços, regista-se uma diminuição do número de profissionais, por turno”, lamentam os profissionais, num comunicado conjunto.
Notícia atualizada às 10h25
