Alojamento Local é "bode expiatório para problemas de habitação"? Gaia recusa ser "offshore de AL"
O executivo Municipal de Vila Nova de Gaia deverá aprovar, esta segunda-feira, a suspensão, por um mínimo de seis meses, de novos registos de imóveis para Alojamento Local.
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A Associação de Alojamento Local em Portugal (ALEP) diz que tem sido o bode expiatório para o problema da falta de habitação no país. Esta segunda-feira, o executivo de Vila Nova de Gaia irá aprovar a suspensão, por um mínimo de seis meses, de novos registos de imóveis para Alojamento Local (AL).
O presidente da câmara municipal de Gaia rejeita a crítica da Associação de Alojamento Local em Portugal, que diz que é o bode expiatório para o problema da falta de habitação no país. O autarca Eduardo Vítor Rodrigues afirma que "Gaia não pode ser um offshore de alojamento local" e explica as medidas que irão ser aprovadas esta tarde.
"Numa primeira fase a suspensão é por seis, mas a proposta prevê a possibilidade de uma renovação automática por mais seis meses. Julgo que o município já deu o seu contributo para o turismo e para o alojamento local, mas aquilo a que estamos a assistir é à substituição de alojamento que tradicionalmente era dedicado ao arrendamento e que agora, depois de uma pequena reabilitação, no fim dos contratos com os inquilinos avança para um modelo de alojamento local. Temos que dar um sinal ao mercado de que Vila Nova de Gaia não é offshore de alojamento local."
Eduardo Miranda, presidente da ALEP, afirma que o AL em Gaia representa 0,9% das casas do concelho e considera esta uma medida injusta. "O alojamento local mais uma vez é colocado como um bode expiatório para o problema de habitação. A associação sentiu-se no dever de alertar, porque além de não ser justo para o setor, esse tipo de penalização acaba por ser uma manobra de diversão daquilo que são realmente os problemas de habitação. Em Gaia não há nenhum sinal de pressão, o alojamento local representa 0,9% da habitação. Este tipo de medidas acaba por desviar a atenção para os verdadeiros problemas."
O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia rejeita a crítica. "O alojamento local não é o bode expiatório, mas é mais um dos fatores e negar isto é desprezar os concidadãos que desesperam para ter uma habitação e quando encontram arrendam por 700 ou 800 euros. Não é uma questão de bode expiatório, é uma questão de olharmos para isto com uma perspetiva multidimensional. Não podemos descurar este nicho de mercado e dar um sinal ao mercado."
O presidente da Associação de Alojamento Local em Portugal aponta vários números que mostram que o problema da falta de habitação em Vila Nova de Gaia não é responsabilidade destes empresários. "É contraproducente, Gaia tem 13.500 casas vazias e 1200 alojamentos locais. No ano passado abriram 200 novos registos de alojamento local em todo o concelho, espalhado por várias freguesias, o que não pode ter nenhum efeito em termos de preço. Isto não só não tem nenhum sentido como cria o efeito contrário, ou seja, acaba por incentivar uma corrida aos registos, que aumento do número de registos."
Eduardo Miranda estará presente na reunião do Executivo Municipal de Vila Nova de Gaia, marcada para as 16h00, e na qual deverá ser aprovada a suspensão por um mínimo de seis meses, de novos registos de imóveis para Alojamento Local. A autarquia justifica a medida com a necessidade de disciplinar o setor e de garantir que o AL não substitui o arrendamento tradicional.
* Notícia atualizada às 10h15