Desafios e oportunidades do Alqueva estiveram em reflexão na Ovibeja.
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A seca do último ano provou que o Alqueva é mais do que o depósito de água do Alentejo. Estendeu abastecimento a regiões vizinhas e transformou a paisagem agrícola mas também fez disparar as exportações de uma media de 56 milhões para os 120 milhões de euros em 2016, assegurou Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, durante um debate na Ovibeja, no espaço "Conversas Soltas" do banco Santander.
A região conta já com 125 mil hectares de regadio, faltam cerca de 50 mil previstos para os próximos dois anos, no Plano Nacional de Regadio, já aprovado pelo governo.
O investimento previsto ultrapassa os 400 milhões de euros, para construir mais 90 mil hectares de área regada, 48 mil dos quais na região alentejana, considerada também bateria gigante de energia pelo presidente da EDIA a empresa publica de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva.
José Pedro Costa Salema adiantou neste debate que os protocolos já foram assinados para garantir financiamento até 280 milhões de euros, numa altura em que a taxa de adesão ao regadio de Alqueva rondará os 80% este ano, percentagem que antecipa em 5 anos a meta estabelecida no início da obra.
Potencial não falta, motivo que leva o Santander a criar um centro de apoio às empresas com projetos para a região, garantiu o presidente do banco, António Vieira Monteiro.
Face ao crescimento e passada a fase de instalação é esperada a fase de industrialização, por exemplo no setor agro-alimentar, mas há constrangimentos como a falta de mão de obra qualificada e não só, apontados por empresários, como João Ferreira, sócio-gerente da Irricampo, empresa de Santarém que se instalou na zona do Alqueva.
A mesma preocupação manifestada por Luís Azevedo Vasconcellos e Souza. O presidente da Agromais, a empresa da Golegã que também se instalou na região do Alqueva, indica crescimentos na ordem dos 20% mas também fala do problemas dos lotes subdimensionados face aos projetos que é preciso atrair para a região, como alguns dos principais constrangimentos atuais.
O autarca apontou também a falta de acessibilidades, como um dos principais entraves à captação de investimento e mostrou-se disponível para abordar o assunto com o poder central, pois o concelho de Beja perdeu mil e 700 habitantes nos últimos 6 anos.
Para combater este flagelo, a autarquia tem planos que passam por criar já em maio, um gabinete de apoio ao Empresário, prevê ainda a criação de um fundo que poderá rondar 1 milhão de euros para ajudar a PMES a instalarem-se no concelho, assegurando que está também à procura de bolsas de terrenos.
Face a este cenário, Carlos Sousa Lima da direção da área de negócios do santander acredita no futuro economico da região, até pelas manifestações de interesse que lhe tem chegado através de investidores estrangeiros.
Estes foram alguns dos desafios e oportunidades em reflexão na Ovibeja, esta sexta -feira, não só para visitantes como para quem investe junto ao maior lago artificial da Europa, com 250 quilómetros quadrados de área, que quando foi criado previa uma capacidade media de produção de energia capaz de abastecer uma cidade de cerca de 250 mil habitantes.