Alternativa ao Elevador da Glória após tragédia: a viagem que “demorava três minutos” faz-se agora de autocarro em dez
Um mês após o acidente, o autocarro que agora substitui o Elevador da Glória não convence quase ninguém. Antes, bastavam três minutos para ir dos Restauradores ao Bairro Alto, mas, nesta altura, é preciso três vezes mais tempo. Esta manhã, a TSF só encontrou turistas a pé e, entre lisboetas, há poucos fãs do autocarro
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A viagem no autocarro 51E em direção ao Bairro Alto começa às 10h15, mesmo em frente ao Elevador da Glória. Apesar de conseguir transportar quase 20 pessoas, leva a esta hora apenas dois passageiros. Em declarações à TSF, Zita Paula, uma das pessoas que faz esta carreira, conta que costumava apanhar o Elevador da Glória todos os dias, mas agora o percurso demora mais tempo: “Dava muito jeito, demorava três minutos e já sabia qual era a hora a que o elevador saía. Por isso, apanhava quase sempre o mesmo. Esta viagem demora dez minutos até ao Jardim de São Pedro de Alcântara.”
Apesar de existir esta alternativa à subida do Elevador da Glória, muitos preferem fazê-la a pé, ainda assim, não é o caso de Zita Paula: "Devia ir a pé, fazia logo exercício físico pela manhã antes de ir trabalhar, mas a inclinação é muito grande e para a minha idade já me custa um bocadinho."
No que toca aos turistas que andam na carreira 51E, esta passageira regular revela que o autocarro só “leva quase sempre quatro ou cinco passageiros" e que são "sempre nacionais”: “O turismo prefere os transportes típicos da cidade, como os elevadores e outros meios do género."
A viagem termina perto da subida do Elevador da Glória e este transporte público que parecia ser uma alternativa segue caminho. O percurso continua, mas a pé pela descida do elevador. Pelo trajeto vão passando algumas pessoas que sobem pela longa calçada inclinada. É o caso de Alice Rodrigues, que usa ocasionalmente o ascensor, e, apesar de saber da alternativa dada pelo autocarro, prefere fazer a viagem a pé - que "pouco custa": “Não é assim tão grande o esforço, é uma vez. Vou com os meus vagares.”
Nesta subida são muitos os turistas que preferem fazer este caminho a pé. É o caso de Shannon, que veio da Colúmbia Britânica, no Canadá: “A subida é agradável, mas íngreme. Eu estaria muito tentada a apanhar o ascensor se os tempos fossem diferentes, mas é tudo muito assustador. Pensarmos naquilo que aconteceu e no que toda a gente teve de passar.”
A descida termina onde a viagem começou. Os turistas tiram fotos, mas nas câmaras o Elevador da Glória agora não aparece. Olha-se ainda para as dezenas de velas e ramos de flores que assinalam o primeiro mês depois do acidente. No dia 3 de setembro de 2025, a tragédia no Elevador da Glória matou 16 pessoas e feriu outras 24.
