Altice diz que 1500 trabalhadores vão sair voluntariamente. Sindicato desconfia dos números
A Altice Portugal tem em curso um programa de rescisões amigáveis, mas o presidente da empresa e o sindicato contradizem-se no que toca ao número de trabalhadores que decidiram aderir.
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O presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, afirma que cerca de 1500 trabalhadores já se inscreveram no programa de saídas voluntárias da empresa.
Em fevereiro, foi lançada a segunda fase do Programa Pessoa, que pretendia envolver até 2000 trabalhadores em rescisões amigáveis. Em entrevista à Lusa e ao Diário de Notícias (DN), o presidente da Altice Portugal garante que o que está em causa é "um conjunto de soluções de pré-reforma e suspensões de contrato de trabalho", para as quais já recebeu "cerca de 1500 inscrições".
"Dessas 1500 inscrições, estimamos que cerca de mil poderão sair - algumas até já iniciaram o processo", adianta Alexandre Fonseca, que justifica a necessidade de pôr em prática este programa com fatores como a "pressão anormal do ponto de vista regulatório (...), que criou desequilíbrios no mercado", e a multa a que a Autoridade da Concorrência condenou a Altice - "a maior já aplicada a uma empresa privada".
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No entanto, em declarações à TSF, Vítor Narciso, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações, diz estranhar os números apresentados pelo presidente da Altice Portugal.
De acordo com Vítor Narciso, o prazo de adesão ao programa de saídas voluntárias até foi prolongado, por não se ter atingido os 1500 trabalhadores interessados, que eram o objetivo da empresa.
"Pareceu-me estranho porque o prazo [final para as candidaturas ao programa] era sexta-feira passada e prolongaram o prazo porque não tinham atingido os objetivos", declara o sindicalista.
"Pelas contas do sindicato, [os funcionários que estão de saída] não chegavam a mil, são cerca de 870 os trabalhadores que saíram nas condições que a empresa propôs", indica Vítor Narciso.
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O presidente da Altice Portugal afirma que estão em causa, neste programa de saídas, custos de "centenas de milhões de euros" e sublinha que a empresa vai "assumir responsabilidades sobre esses ex-colaboradores - ou ainda colaboradores, porque mantêm o vínculo contratual - até à idade legal da reforma".