Altos e baixos do mítico Jumbo. Primeiro voo do mais famoso gigante dos céus foi há 50 anos
O mítico Boeing 747 fez o seu primeiro voo de testes há meio século, marcando para sempre a história da aviação.
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Era enorme. Ainda é. Mas no dia 9 de fevereiro de 1969, o Boeing 747 talvez parecesse maior. Foi há 50 anos o primeiro voo deste gigante dos céus que depressa ganhou a alcunha de Jumbo.
Com 70 metros do nariz à cauda e 60 de asa a asa, o então novo avião da norte-americana Boeing media mais do dobro do 707, o maior avião de longo curso da década de 1960.
Sorridentes, Jack Waddell, Brien Wygle e Jesse Wallick, piloto, copiloto e engenheiro de voo, respetivamente, entraram no cockpit às 11h34 e pouco mais de uma hora depois sairiam do avião ao som de aplausos.
"É ridiculamente fácil de pilotar", contou Jack Waddell, aos jornalistas, já com os pés em terra firme e só depois de beijar a mulher: "Prioridades", sublinhou.
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Foi um sucesso. O avião de testes saiu do aeroporto de Paine Field, em Washington, nos Estados Unidos, e regressou inteiro, marcando uma nova era na história da aviação civil mundial.
Quatro motores, duas filas de assentos separadas por um corredor e um 'double decker' (dois andares) - era algo nunca antes visto e feito à medida de todas as companhias aéreas. Nos anos áureos, os passageiros considerados VIP podiam ouvir tocar piano ou tomar uma bebida no lounge do segundo piso, mas a aeronave era também facilmente convertida em cargueiro.
O céu é deles
Em janeiro de 1970, o Jumbo estreou-se nos voos comerciais, cruzando o Atlântico, de Nova Iorque a Londres, ao serviço da Pan Am, mas não antes de um pequeno percalço: uma problema num dos motores obrigou o voo inaugural a ser adiado um dia.
O contratempo não assustou as outras grandes transportadoras aéreas de todo o mundo. Todos queriam um 747 na sua frota e durante 37 anos este modelo manteve imbatível o recorde de passageiros transportados. Nem a TAP se ficou atrás e, em 1972, comprou quatro Boeing 747-200.
Só a crise do petróleo dos anos 1970 reduziu as encomendas. Em 1986, as vendas regressaram em força e atingiram o auge em 1990, quando a Boeing teve de produzir 122 aviões daquele modelo. No total, em meio século, foram produzidas 1548 unidades de todas as versões fabricadas.
O 747-400, a versão mais conhecida e bem-sucedida do modelo, está entre os aviões mais rápidos ainda em serviço, com velocidade de cruzeiro de aproximadamente 913 quilómetros por hora. Costuma acomodar até 416 passageiros em voos intercontinentais com primeira, segunda e terceira classe e 524 passageiros em voos domésticos com duas classes.
Já o modelo 747-800, a versão mais atual, consegue percorrer mais quilómetros (14.815) à mesma velocidade e transportar dezenas de passageiros mais, tanto em voos de longo curso como nos mais curtos, assim como mais peso - 442.250 quilos na descolagem.
Grande avião, grandes tragédias
A história do Boeing 747 também tem um lado negro, com aviões deste modelo envolvidos em 146 acidentes que resultaram na perda de 3722 vidas, mas a maioria dos desastres não foi provocada por problemas no avião, antes por erros humanos ou ataques terroristas.
O Jumbo também é o avião mais sequestrado da história, com 32 casos, e protagonizou a maior tragédia aérea de sempre: o "Desastre de Tenerife", quando dois aviões 747 chocaram um contra o outro no aeroporto de Tenerife, em Espanha, provocando 583 mortos.
Atualmente, o modelo 747 é também muito usado para o transporte de carga e é nesse segmento que a Boeing vai apostar com a construção do futuro 747- 8F, capaz de transportar 137 toneladas e percorrer 7630 quilómetros sem parar.
Mas a Boeing também está no futuro do famoso Air Force One, uma vez que a Casa Branca encomendou dois 747-8 para substituir os atuais VC25, onde o Presidente dos Estados Unidos viaja desde os anos 1990.
Até serão pintados com as cores dos Estados Unidos - vermelho, azul e branco - a pedido de Donald Trump, mas só têm entrega prevista para 2024. Para voar a bordo de um, o atual Presidente terá de voltar a ganhar as eleições.