Alunos da primária com dificuldades na leitura. "Pandemia" e "máscaras" podem ser explicação
À TSF, a presidente da Associação Nacional de Professores explica que as crianças têm problemas a perceber os conceitos das vogais e consoantes.
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Os alunos que no ano letivo passado frequentavam o 2.º ano de escolaridade revelaram dificuldades na leitura. A conclusão é do grupo de trabalho do Plano de Recuperação das Aprendizagens, cujos resultados preliminares foram apresentados esta terça-feira na Assembleia da República.
Nesses resultados, 20% dos alunos de 13 agrupamentos de escolas públicas de Cascais e Mafra terminaram o 2.º ano sem saber ler de todo, ou com muitas dificuldades.
À TSF, a presidente da Associação Nacional de Professores, Paula Carqueja, atribui esse revés nas aprendizagens à pandemia de Covid-19, principalmente por as pessoas utilizarem máscaras que tapavam a boca.
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"Temos de pensar que saímos de uma pandemia e as nossas crianças tiveram alguma dificuldade também na aquisição vocabular, ou seja, com a máscara, com as palavras e consegue-se perceber isso que há muita dificuldade a crianças pequenas, que estão no início e numa aprendizagem ainda de uma leitura e de uma escrita, a perceberem os verdadeiros conceitos, quer das vogais, quer das consoantes", explica a presidente da Associação Nacional de Professores.
Paula Carqueja complementa ainda que "os sons não são todos iguais e há uma perceção que lhes chega completamente desfocada, não em termos de visão, mas em termos da transmissão do próprio fonema".
Além das dificuldades dos professores em chegar aos alunos, também a inação dos pais em casa pode estar a impedir que as crianças tenham a evolução esperada.
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"Uma criança a quem ninguém lê um livro, ninguém conta um conto, independentemente de ter passado pelo jardim de infância, pela educação pré-escolar, onde isso foi explorado, no primeiro ciclo ou nos primeiros anos de aprendizagem, muitas das vezes nós esquecemo-nos que temos de dar continuidade a essa leitura, para, aí sim, os despertar para a leitura. Isso é mesmo muito, muito, muito importante", afirma Paula Carqueja.
Da parte dos docentes, a presidente da Associação Nacional de Professores assegura que tudo está a ser feito para ultrapassar o problema.