Amadeo de Souza-Cardoso: "Inquieto, provocador, um homem à frente do tempo dos outros"
Amadeo é a tela de Vicente Alves do Ó sobre o homem que queria pintar o futuro. O filme chega esta quinta-feira às salas de cinema.
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A estreia esteve marcada para novembro de 2020, um ano depois das filmagens. "Despedimo-nos todos, até daqui a um ano na estreia, e depois veio a pandemia", recorda o realizador, percorrendo a fita do tempo e a ironia de ser forçado a suspender o percurso de um filme que o tinha obrigado a estudar os efeitos da gripe espanhola, que em 1918 acaba por vitimar Amadeo de Souza-Cardoso, então com 30 anos. Amadeo é um filme que procura o homem por detrás da pintura. "O cinema tem essa capacidade de viajar rapidamente, e eu queria muito trazer o Amadeo para a boca do mundo outra vez." É a sétima longa metragem de Vicente Alves do Ó e chega esta quinta-feira às salas de cinema.
"O Almodôvar diz uma frase que eu adoro 'nada como começar um filme com uma mulher em crise', pois eu queria começar um filme com um homem em crise. É um pintor isolado, confinado numa terra muito pequena - Manhufe - há pelo menos dois anos, donde não pode sair por causa da guerra, e cujos planos saem frustrados. Há aqui um homem, uma espécie de animal de grande porte enjaulado, à procura de como sobreviver àquilo."
Para o papel do pintor, Vicente Alves do Ó escolheu o ator Rafael Morais: "A sombra, a inquietação, a imprevisibilidade, eu vejo um felino e o Rafael tem isso tudo."
O filme vai de 1911 a 1918, três telas sobre a vida de Amadeo, como se descreve na apresentação: "O filme tem início em 1916, quando o jovem Amadeo organiza a primeira grande exposição modernista em Portugal e revela um mundo novo a um país velho e conservador, depois de ter estado em Paris e casado com Lucie. Recuamos a 1911, quando, à luz das velas, Amadeo apresenta os seus primeiros trabalhos à elite artística da cidade de Paris, inaugurando assim a sua vida de pintor. E, por fim, 1918, o fatídico ano da pandemia que assolou o mundo, a gripe espanhola, que matou milhões de pessoas e que, entre Espinho e Amarante, acabou por tragicamente abraçar a família Souza-Cardoso e abreviar a vida inesquecível deste homem a quem Lucie dedicou o resto da sua vida."
O elenco conta ainda com as últimas participações de Eunice Muñoz e Rogério Samora no grande ecrã.
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