"Envolver privados" e "potenciar economia". Governo decide novo modelo de gestão dos museus
Em cima da mesa está uma proposta para a reorganização da Direção-Geral do Património Cultural. O ministro da Cultura fala num "modelo ambicioso" e rejeita que a descentralização esteja em causa.
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O Conselho de Ministros decide, esta quinta-feira, a reorganização da Direção-Geral do Património Cultural e o novo modelo de gestão dos museus e monumentos. A decisão será tomada numa reunião que, simbolicamente, acontece em Évora, a cidade escolhida para ser Capital Europeia da Cultura em 2027.
Em declarações à TSF, Pedro Adão e Silva assume que esta é a grande prioridade do mandato que tem à frente do Ministério da Cultura: "Promover uma reorganização do que é hoje a Direção do Património Cultural, que é uma entidade que concentrou muitas responsabilidades e também muitos recursos humanos".
A ideia, defende o ministro da Cultura, é corrigir aquilo que considera serem erros cometidos no passado. "A reorganização que decorreu há onze anos concentrou numa única entidade competências que estavam em várias entidades distintas. Foi um grande retrocesso porque, desde logo, teve um efeito de secundarizar aquilo que é a estratégia para os museus e para os monumentos nacionais", sustenta.
Pedro Adão e Silva considera que há todo "um caminho por fazer" e, por isso, propõe, agora, envolver também os privados na equação e dar atenção ao potencial económico dos monumentos.
"O objetivo é ter um modelo muito ambicioso, que corresponda a um corte com aquilo que tem sido a lógica que preside à gestão dos museus e dos monumentos nacionais, precisamente porque vai procurar mobilizar os privados, mobilizar a sociedade, potenciar oportunidades económicas, sempre com um propósito: os públicos e a experiência", adianta.
O ministro rejeita perder o foco na descentralização e as notícias de que museus com tutela regional passariam a ser geridos a partir de Lisboa. "Essa ideia labora num grande equívoco que é pensar que os organismos que teremos no Ministério da Cultura na área dos museus e monumentos, depois desta reforma que vamos levar a cabo, serão os mesmos que tínhamos antes", contrapõe.
"O que é importante é que quem, efetivamente, dirige e tem responsabilidades em cada um dos museus tenha capacidade para promover, investir e captar recursos para cada um desses museus no território em que eles se inserem", insiste Pedro Adão e Silva, garantindo que é a isso que se propõe, com este novo modelo de organização da Direção-Geral do Património Cultural que agora leva a Conselho de Ministros. Uma tarefa que passa por trazer valor aos territórios, porque, lembra, também os museus e monumentos são parte importante na qualificação do Interior.